UMA QUESTÃO DE EDUCAÇÃO - OPINIÃO

Arnaldo Jardim*
14/12/2000 17:20

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No momento eleitoral a maioria dos candidatos fazem referência a educação e adotam essa área como prioritária. Infelizmente, isso não tem sido suficiente para tranformá-la em prioridade de fato, talvez porque os governantes têm mensurado suas performances pelas obras visíveis, palpáveis e traduzidas em metros quadrados construídos.

Na própria questão educacional é comum observarmos que ao prestar contas sobre a área, existe uma tendência de enfatizar o número de salas de aula construídas, de computadores adquiridos e assim por diante.

Entendo que a educação precisa ser uma prioridade para valer e para que isso se torne realidade não há muito o que inventar. É necessário fazer o arroz com feijão e valorizar o que de fato é importante.

Para início de conversa é necessário um esforço concentrado em recursos humanos. Chega de empenhar recursos em edifícios, em obras físicas. É preciso investir na base da educação, constituída pelos professores e nesse caso incluo qualificação e requalificação profissional constante, remuneração condizente e adoção de mecanismos de estímulo para garantir que esse profissional tenha condições efetivas de ensinar e preparar cidadãos para a vida. Educar os jovens é também preparar sua família, o que nos remete a cursos extensivos aos pais, para que se estabeleça um diálogo sobre os problemas que enfrentam na qualificação profissional e na preparação dos seus filhos para o dia a dia.

Esse investimento em recursos humanos aliado com uma filosofia de envolvimento da família no processo educacional, sem dúvida, poderá ser uma forma de estarmos preparados para vencer um desafio inadiável, representado pelo analfabetismo. Precisamos erradicar esse mau, pois é inconcebível que uma sociedade contemporânea, às vésperas do século XXI, conviva com essa chaga social.

Uma outra providência simples é a de casar a questão educacional com a necessidade cada vez mais crescente de uma população pobre, como a brasileira, de conseguir emprego e renda. Isso requer um direcionamento para os cursos técnicos, o que possibilita uma integração com as empresas na geração de oportunidades. Dessa forma estaremos combatendo uma causa importante da evasão escolar, que é o abandono do estudo em função da necessidade de trabalhar.

É claro que isso tudo exige uma visão mais ampla e democrática da administração da educação. A municipalização é um conceito correto, na medida em que aproxima a comunidade da gestão educacional. No entanto, não adianta municipalizar se isso significa apenas transferir os mesmos vícios da administração centralizada para as prefeituras. É fundamental que a comunidade assuma sua responsabilidades e que os Conselhos de Escolas funcionem de fato para que possamos ir, debaixo para cima, revolucionando de forma simples o jeito de se educar.

Com o envolvimento da sociedade poderemos de fato fazer da educação uma prioridade em todos os escalões de governo, pois a partir daí o governante que quiser ser eleito precisará estar afinado com esses conceitos básicos de investimento no ser humano e na sua formação como cidadão.

ARNALDO JARDIM

Deputado Estadual

Engenheiro Civil, 45

Secretário da Habitação (1993)

Relator Geral do Fórum São Paulo Séc. XXI

Presidente Estadual do PPS

E-mail: arnaldojardim@uol.com.br

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