Por uma inclusão social possível


03/12/2008 12:00

Compartilhar:


Comemora-se em 3 de dezembro o Dia Internacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Uma data a ser lembrada em todas as partes do mundo, especialmente no Brasil, um país de diversidades que convive atualmente com aproximadamente 25 milhões de pessoas com deficiência, ou seja, 14,5% da população.

Uma nação que prima por seu desenvolvimento intelectual, moral, econômico, educacional, tem de reconhecer e respeitar as leis nacionais e internacionais. Ordem e progresso só se dão mediante regras claras e bem cumpridas; mas é preciso lembrar que cidadania plena não se exerce tão somente através de decretos ou convenções. A verdadeira cidadania tem de ter o ingrediente básico que é, além do conhecimento do tema e do conhecimento das pessoas com deficiência, também a solidariedade. Importante se faz não confundir solidariedade com caridade. Ser solidário é compartilhar dos mesmos problemas e buscas de soluções.

Pessoas com as mais diversas deficiências " auditiva, visual, mental, física e múltipla " formam uma parcela significativa de nossa sociedade, que deveria ser atendida e respeitada.

Hoje, melhor do que há algumas décadas, as políticas públicas já se inserem na discussão e formulação de projetos que envolvem as pessoas com deficiência; mas, de qualquer forma, estar sempre atento, como uma sentinela, é obrigação de todos aqueles que almejam uma sociedade com justiça.

Exemplo disso é a II Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, que acontece nesta semana em Brasília, cujo tema central é: Inclusão, participação e desenvolvimento - um novo jeito de avançar.

A tão falada inclusão social parece simples aos olhos dos mais desavisados, mas não é. Para uma pessoa com alguma limitação física, sensorial ou mental, a situação se torna mais difícil ainda. De acordo com o informe do Monitoramento Internacional de Direitos e Deficiência das Américas (IDRM, sua sigla em inglês), que verifica a maneira como os países protegem os direitos das pessoas com deficiência, a maioria das nações carece de muito mais atenção básica adequada a esse grupo.

O órgão revelou ainda que em muitos países a média das crianças com deficiência que freqüentam a escola não passa de 10%. Sem educação, o acesso ao emprego é praticamente impossível. Em média, cerca de 70% das pessoas com deficiência aparecem como pessoas desempregadas ou economicamente inativas. Sem renda, necessidades como a saúde, alimentação, transporte e habitação se tornam inalcançáveis para qualquer um.

Por isso se faz necessário ressaltar que a simples existência de leis de proteção não significa que a inclusão social destas pessoas esteja acontecendo. O Brasil, mesmo estando numa categoria de países mais inclusivos, de acordo com o IDRM, por possuir uma legislação mais moderna e abrangente sobre o tema, ainda é credor dessa parcela de brasileiros. As carências na educação, no emprego e na acessibilidade ainda são gigantes em nosso país, especialmente quando nos afastamos dos grandes centros urbanos.

A solução deve vir apenas a longo prazo, considerando a extensão territorial do Brasil e também as diferentes culturas (mais ou menos inclusivas), que representam uma realidade da qual não podemos fugir. O preconceito é um estigma difícil de eliminar da nossa sociedade. As barreiras de atitude são as piores. Somente a conscientização, por meio de uma educação mais atenta ao problema, poderá um dia nos proporcionar uma sociedade mais justa e igualitária.

Estamos no limiar de um tempo onde as lutas se fazem necessárias a cada dia, não somente em uma data específica, como este dia 3 de dezembro. Podemos afirmar, com certeza, que hoje somos os pioneiros em busca de tempos melhores para todos, que um dia hão de chegar. Com perseverança, dedicação, trabalho e desejo inabalável de conquista, de provar nosso verdadeiro valor, nossas potencialidades, é que um dia nossos filhos e netos terão, sim, muito o que comemorar. Só depende de nós, hoje!



*Célia Leão é deputada estadual pelo PSDB

alesp