Corpo do sertanista Orlando Villas-Boas será velado na Assembléia Legislativa


12/12/2002 18:32

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DA REDAÇÃO

O sertanista e indianista Orlando Villas-Boas, um dos criadores do Parque Nacional do Xingu, faleceu às 14h27 desta quinta-feira, 12/12, no Hospital Israelita Albert Einstein, onde estava internado desde 14 passado, com um quadro agudo de infecção intestinal. Seu corpo será velado no Hall Monumental do Palácio 9 de Julho. Até o momento, a família do sertanista não havia informado ao Cerimonial da Assembléia Legislativa o local do seu enterro. Orlando Villas-Boas deixa a esposa Marina e os filhos Orlando e Noel.

O enterro será nesta sexta-feira, 13/12, às 14 horas, no Cemitério do Morumbi, Capital.

Quem foi Orlando Villas-Boas

O lingüista, historiador e indigenista Orlando Villas-Boas nasceu em 12 de janeiro de 1914, em Botucatu, interior de São Paulo. Suas aventuras começaram quando decidiu deixar o emprego de escriturário da Esso, em São Paulo, em 1941, para integrar a expedição Roncador-Xingu, organizada pela Fundação Brasil Central. Com o dinheiro da indenização, comprou um facão e um revólver e foi explorar Goiás Velho, com os irmãos. Durante cinco dias, andou 141 quilômetros para encontrar o Rio Araguaia. Remou mais três semanas até localizar o posto da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Barra Goiana. "A gente cortava a mata com o facão."

O encontro com os índios, porém, deu-se apenas em 1944, no Rio Kuluene: cerca de 200 calapalos estavam postados no barranco, armados de arco e flecha. Em meio àquele pequeno exército, surgiu Izarari, o cacique. "Nos comunicamos por gestos. Depois de alguns minutos, nos abraçamos. Ele estava desesperado. E eu, com medo." Antes disso, Villas Boas tinha sido atacado 18 vezes pelos xavantes. "A maior lição que ficou desse trabalho é o comportamento dos índios em sociedade. Eles não se sentem atraídos pelo poder e pela ganância. Nunca vi um índio discutir com o outro, nunca vi um índio dizer não para uma criança. Isso é maravilhoso."

Orlando aposentou-se em 1975, mas não abandonou o trabalho na Funai. Isso só ocorreu no início de 2000, quando foi afastado por acumular uma aposentadoria e o salário, o que não era legalmente permitido. O episódio causou comoção entre estudiosos da questão indígena e, desde então, Villas Boas vivia em São Paulo.

alesp