Opinião - Pedágios na SP-332: abuso e injustiça


26/10/2009 17:12

Compartilhar:


A rodovia SP-332, que liga Campinas a Conchal, passando por Paulínia, Cosmópolis, Artur Nogueira e Engenheiro Coelho, é o roteiro permanente, é o caminho íntimo para milhares de pessoas que são obrigadas a sair todo dia de suas cidades para garantir o sustento de suas famílias, para estudar fora em busca de um futuro melhor ou até para buscar um serviço de saúde um pouco mais complexo no município vizinho. É esta mesma SP-332 que, ao dar acesso a um dos principais polos petroquímicos do Brasil, é uma das artérias que garantem a vida dinâmica e irrigam a riqueza da Região Metropolitana de Campinas. Se a RMC é um dos centros econômicos mais fortes de São Paulo e do país, ela deve muito a esse Caminho da Esperança, como pode ser chamada a Rodovia General Milton Tavares de Souza, a SP-332.

Tantas histórias de vida e morte estão ligadas a esse Caminho da Esperança, onde tantas pessoas transportaram os seus sonhos ou, infelizmente, acabaram falecendo, sempre de forma precoce, justamente porque estavam batalhando para uma vida mais digna para os seus e, com isso, contribuindo para o crescimento de um dos motores econômicos do Brasil. Pois é essa mesma SP-332, é esse Caminho da Esperança, que neste momento pode ser o objeto de uma das maiores injustiças e abusos já cometidos contra o povo de São Paulo, da Região Metropolitana de Campinas e do país. São as injustiças e abusos que serão concretizados caso sejam confirmadas as praças de pedágio previstas para essa rodovia.

No trecho relativamente pequeno da SP-332, de cerca de 80 quilômetros, serão instaladas três praças de pedágio, e isso significará enorme penalização para os moradores e trabalhadores da RMC, sobretudo para aqueles que vivem nas cidades localizadas ao longo dessa rodovia. Os moradores terão que pagar para sair de casa, em um claro desrespeito ao direito constitucional de ir e vir. Os reflexos no custo de vida também serão enormes, pois o custo do frete fatalmente aumentará, considerando, por exemplo, o alto custo do pedágio para um caminhão de quatro ou seis eixos.

Assim, é a qualidade de vida e a economia regional que serão diretamente atingidas pela instalação dos pedágios na SP-332, mas os impactos serão evidentes na própria economia brasileira, lembrando que a Região Metropolitana de Campinas está lutando para aprimorar a sua competitividade e inserção nacional e internacional, com obras como a ampliação do Aeroporto de Viracopos e a instalação do Trem de Alta Velocidade (TAV), entre Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro. Neste cenário, as praças de pedágio na SP-332, a rodovia por onde circulam os combustíveis que alimentam a indústria e a frota de automóveis em constante expansão, representam um claro retrocesso, um tiro no pé de quem deseja ampliar ou criar negócios na região.

Em resumo, abuso e injustiça. Abuso com uma população que já paga altos impostos, como o IPVA, para a manutenção das rodovias que deveriam ser mantidas pelo Estado que arrecada esses tributos. Injustiça com essa mesma população, que ajudou a erguer a economia regional e agora pode ser sacrificada com os pedágios que seriam instalados na porta de suas casas.

Mas a SP-332 é o Caminho da Esperança. É em nome da esperança de milhares de brasileiros " que continuam aspirando a uma vida de maior qualidade para si e para os seus filhos, assim como continuam exercendo o seu direito de cidadania " que esta Carta Aberta é escrita. A esperança de que, como resultado da mobilização da sociedade e de seus representantes conscientes e justos, não será materializada a instalação dos pedágios previstos.

Muito sangue, muita dor, muito suor e muito amor já transitaram e continuam circulando pela SP-332. Que ela continue sendo o Caminho da Esperança, e não a marca em asfalto de uma injustiça histórica prestes a ser cometida contra o povo trabalhador e digno da nossa querida região metropolitana. Pedágio não!



*Ana Perugini é deputada estadual pelo PT.

alesp