Comissão ouve depoimento do vice-presidente administrativo do Unibanco

(com fotos)
26/09/2001 19:12

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Adalberto Schettert falou sobre critérios para fixação de taxas por serviços bancários e deu a versão do banco para denúncia apresentada à CPI da Financeiras

Da redação

Presidida pelo deputado Claury Alves da Silva (PTB), a CPI das Financeiras ouviu nesta quarta-feira, 26/9, o vice-presidente administrativo do Unibanco, Adalberto de Moraes Schettert. Em mais de três horas de depoimento, Schettert descreveu a estrutura administrativa do banco e traçou um perfil do sistema de capitação de recursos e de concessão de empréstimos pelas instituições de crédito.

O motivo principal para a convocação do vice-presidente do Unibanco foi a denúncia apresentada pelo financista Roberto Vieira Machado, que afirmou à CPI ter contraído junto ao banco empréstimo no valor de R$ 200 mil - para compra de imóvel- -, ter pago R$ 700 mil ao longo de nove anos e ainda dever outros R$ 700 mil.

Plano Collor

De acordo com a versão apresentada por Schettert, o financista recebeu do Unibanco, em maio de 1989, um empréstimo de 132 mil Cruzados Novos - o equivalente, na época, a US$ 164 mil -, "para utilizar no que bem entendesse". A dívida deveria ser paga em 10 anos, com juros de 16%, mais índice de poupança. Desse montante, 132 mil cruzados novos teriam sido utilizados na compra de um imóvel. Passados seis meses, foi contraído outro empréstimo hipotecário, equivalente desta vez a U$ 339 mil, sempre com o prazo de 10 anos, mas a juros de 18%. Alegando a impossibilidade de saldar sua dívida no prazo estipulado, Machado solicitou um terceiro empréstimo, correspondente a US$ 172 mil, que cancelou os dois anteriores.

Segundo o vice-presidente do Unibanco, Machado deixou de pagar as parcelas da dívida em 1998 e impetrou uma liminar e mais três medidas cautelares contra o banco, todas sem êxito. Posteriormente, entrou com ação no STF, questionando a aplicação sobre seu saldo devedor do índice de correção de 84,32%, fixado pelo Plano Collor em 1989. "O Unibanco cumprirá o que for decidido pela Justiça", declarou Schettert.

Composição de taxas

Em respostas aos questionamentos dos membros da CPI, o banqueiro esclareceu ainda que, do total de recursos captados através da poupança, as instituições financeiras destinam 65% ao crédito imobiliário, de acordo com as normas do Banco Central. Quanto à composição das taxas cobradas pelos serviços bancários, Schettert afirmou que os principais critérios observados são pagamento de compulsório, oferta de dinheiro pelo governo e competitividade. Quando se trata da cobrança de juros, o banco observa também o fator risco.

alesp