Opinião: Assembléia Fortalecida


21/03/2005 17:09

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As atenções de boa parte da imprensa brasileira se voltaram nos últimos dias para a Assembléia Legislativa de São Paulo. O motivo para que ocupássemos tanto espaço nos meios de comunicação foi a eleição do deputado Rodrigo Garcia, do PFL, à presidência da Mesa Diretora da Casa de Leis do principal Estado da Federação. Por 48 votos a 46, o então líder da minha bancada venceu o deputado Edson Aparecido, integrante do PSDB, interrompendo assim uma seqüência de dez anos dos tucanos no comando do Parlamento paulista.

Entre as diversas interpretações conferidas ao caso predominou a de que a candidatura vitoriosa de Rodrigo Garcia, com apoio dos 23 deputados do Partido dos Trabalhadores, seria uma espécie de "troco" do governo federal à derrota petista na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados.

Na condição de alguém que participou diretamente de todo o processo, tenho condições de afirmar, porém, que não houve qualquer interferência de Brasília nas negociações que culminaram com a ascensão do PFL ao posto mais alto do Palácio Nove de Julho. Tentar resumir o que aconteceu terça-feira passada na Assembléia a uma mera "picuinha" entre PT e PSDB seria ingenuidade, para não dizer total desconhecimento do que se passa nos bastidores da política.

Determinadas lideranças partidárias e mesmo alguns segmentos da mídia precisam se conscientizar de que o bipartidarismo foi sepultado em nosso país há quase 25 anos. Hoje, embora PT e PSDB tenham maior quantidade de cadeiras no Congresso e na Assembléia, não se pode ignorar o peso de outras agremiações, entre as quais aquela que represento.

É bom que se diga ainda que o substantivo feminino "parceria" define pessoas que se unem por objetivos comuns. Já o adjetivo "parceiro" qualifica aquele que é igual ou semelhante. Nesse sentido, o PFL tem sido de uma fidelidade sem precedentes ao PSDB. Isso, aliás, ficou evidente no pleito de 2002 para a prefeitura da cidade de São Paulo. Não fosse o PFL ter aberto mão de candidatura própria, aceitando ficar como vice na chapa tucana, provavelmente a prefeita Marta Suplicy continuaria no cargo.

O que também precisa ficar bem claro é que uma parceria só funciona a contento quando as partes envolvidas dividem deveres e direitos, seja numa empresa, numa relação amorosa e mesmo numa aliança política. Portanto, a principal lição que deve ser tirada da vitória do deputado Rodrigo Garcia e de todos nós que cerramos fileira ao seu lado é a de que não existem partidos nem parlamentares de primeira, segunda ou terceira categoria.

Estou certo de que saímos fortalecidos desse episódio e também não tenho dúvidas de que a democracia só tem a ganhar com uma Assembléia Legislativa renovada, forte e independente.

* Aldo Demarchi é deputado estadual

alesp