Aberturas no mercado de trabalho

OPINIÃO - Duarte Nogueira*
19/11/2002 19:11

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O mercado de trabalho é cruel para quem ainda não teve a chance de um primeiro emprego. Prova disso são os levantamentos que apontam que as taxas de desocupação são maiores nas faixas de 15 a 17 anos e de 18 a 24 anos, jovens que estão terminando o ensino médio ou a faculdade e que engrossam as estatísticas dos que não tem experiência para incluir no currículo.

Uma das explicações é que, com mão-de-obra excedente, as empresas dão preferência aos profissionais que já passaram pelo cargo outras vezes, possuem boa qualificação e têm, na maior parte dos casos, mais de 25 anos. É o que mostra, por exemplo, levantamento da Fundação Seade sobre a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo no mês de setembro.

O maior grupo de pessoas sem ocupação tem entre 15 e 17 anos (46,5%), seguido por aqueles que tem entre 18 e 24 anos (25,3%). O desemprego é entre os profissionais com mais de 25 anos. Esse cenário adverso acaba desestimulando o jovem que precisa entrar no mercado de trabalho.

A solução é a interferência do Estado na criação de programas que busquem resolver o impasse em curto e médio prazos. E em relação a isso, São Paulo registra bons exemplos. Um deles é o investimento no ensino profissionalizante. O programa "Profissão", lançado há dois anos, é uma parceria com o Senac para oferecer bolsas em 38 cursos a alunos do ensino médio da rede pública. Nos dois últimos anos foram atendidos 100 mil jovens em todo o Estado e o governador Geraldo Alckmin já demonstrou que irá incrementar o programa.

Os investimentos no ensino profissionalizante também estão garantindo a ampliação no número de vagas em todo o Estado. Em Ribeirão Preto, a escola industrial "José Martiniano" abriu no segundo semestre mais 280 vagas em sete cursos. A cidade também deve ter sua Fatec instalada não próximo ano, dentro do cronograma de ampliação no número de Faculdades de Tecnologia. De sete unidades, o Estado passou a ter, nos últimos anos, 11 Fatecs.

Já o programa "Meu Primeiro Trabalho", é voltado a jovens de 16 a 21 anos, que estão saindo do Ensino Médio e que precisam de uma força para encontrar um estágio remunerado. Por meio de um convênio com a iniciativa privada, o aluno recebe uma bolsa-estágio, enquanto tem a sua primeira oportunidade de colocar o que aprendeu em prática e criar a possibilidade de ser contratado. Em 2001, mais de 12 mil jovens participavam do programa e quase 4.000 empresas cadastradas. O programa "Meu Primeiro Trabalho" também deve ser estendido para o interior.

Ações articuladas como essas, de geração de oportunidades de emprego e renda, qualificação mão-de-obra, são uma prova de que o Estado está fazendo sua parte. Como bem disse o governador Geraldo Alckmin, o governo propicia a mudança, mas ela só ocorre por meio do empenho de cada cidadão.

*Engenheiro agrônomo, 38, líder do governo e vice-presidente do PSDB de São Paulo. Foi secretário de Estado da Habitação no governo Covas (95/96)

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