Reativação da linha de transporte fluvial Iguape-Paranaguá


10/01/2005 16:24

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Da assessoria da deputada Maria Lúcia Prandi

A reativação da linha de transporte fluvial entre Iguape, em São Paulo, e Paranaguá, no Paraná, está sendo reivindicada pela deputada Maria Lúcia Prandi (PT). Entre 1980 e 1987, o serviço operou regularmente, mas deixou de existir devido à não renovação do convênio interestadual que disciplinava o funcionamento da linha.

"Até hoje, as populações locais lamentam a perda. O serviço tinha um forte caráter social, pois atendia populações ribeirinhas, proporcionando facilidades em vários aspectos", informa a deputada Prandi.

A ativação do serviço também tem forte apelo turístico, segundo a parlamentar, pois a ligação fluvial São Paulo-Paraná está dentro do terceiro maior viveiro ecológico do mundo.

O engenheiro Ricardo Gomes Goulart, gerente da Divisão de Travessias Litorâneas, diz que as comunidades locais reivindicam a reativação da linha. Ele confirmou que a existência do serviço era fruto de um convênio firmado entre as secretarias de Transporte dos dois estados, para atendimento das comunidades que vivem às margens do sistema estuarino lagunar Iguape-Cananéia-Paranaguá.

"Volto a destacar o caráter social da linha, lembrando que a sua utilização no turismo ecológico poderá torná-la economicamente viável. Será possível voltar a atender as comunidades e criar um roteiro que certamente despertará muito interesse, emprego e renda", explica Prandi.

A parlamentar solicitou estudos sobre a reativação ao governo do Estado, por meio de Indicação protocolada na Assembléia Legislativa. Ao mesmo tempo, solicitou detalhes sobre os motivos que levaram à desativação.

Segundo apurou a deputada, no início da década de 80, após um período de suspensão, o serviço foi retomado, atendendo o bairro Pedrinhas, ao sul da Ilha Comprida, Cananéia, Ilha da Casca (no sistema lagunar), Marujá (Ilha do Cardoso), Pontal do Leste e Ariri.

A partir dessa localidade, a lancha navegava em águas paranaenses, chegando a Vila Fátima, Laranjeiras, Guaraqueçaba e Paranaguá. "O serviço garantia melhor qualidade de vida a estas comunidades, pois facilitava o atendimento à saúde e o transporte de medicamentos, de doentes e de gestantes. Também facilitava o acesso de médicos e professores", explica Maria Lúcia.

Ao mesmo tempo, era favorecida a geração de renda dessas comunidades, pois pequenos agricultores levavam seus produtos agrícolas para comercializar em lugarejos vizinhos. "Muitas famílias tiravam seu sustento dessas vendas", garante a deputada.

Mais duas horas

Com a não renovação do convênio interestadual, o Ariri passou a ser o ponto final do percurso da linha hoje existente, que parte de Cananéia em direção ao Sul. A travessia, mantida pela Dersa, é operada pela lanche Munduba I, que faz o percurso em três horas. Uma das atrações da viagem é a possibilidade de avistar golfinhos, que acompanham a barca.

"Os marinheiros da lancha são carinhosamente chamados de Anjos da Dersa, pois atendem encomendas de compra de remédios com receita médica e transportam materiais ansiosamente esperados, como bujão de gás, merenda escolar e cestas básicas, habitualmente doadas pelas igrejas", relata a deputada.

Para cumprir o percurso até Paranaguá, a viagem se estenderia por mais duas horas. "É questão de reforçar a linha, adequá-la às necessidades e permitir o uso turístico, o que beneficiaria diretamente Cananéia, Ilha Comprida e Iguape, além do litoral norte paranaense".

Potencial

Prandi lembra o complexo estuarino-lagunar Cananéia-Iguape-Paranaguá consiste em um sistema de canais e lagunas, protegidos do mar aberto pela Ilha Comprida e pela Ilha do Cardoso, no Litoral Sul de São Paulo.Esse complexo é considerado um dos mais importantes estuários não degradados do mundo.

Seus mangues representam ambiente propício à reprodução de espécies e registram grande produtividade primária, com a existência de riquíssima fauna, grande parte dela ainda inexplorada. Segundo acrescenta a parlamentar, o complexo está inserido na maior área remanescente contínua de Mata Atlântica, uma região com cerca de 5.800 km², na fronteira dos estados de São Paulo e Paraná.

Essa área estende-se por 200 km de litoral, desde o norte da Estação Ecológica da Juréia, em São Paulo, até o Pontal do Sul, no Paraná. Seu potencial para o turismo ecológico pode ser melhor aproveitado.

mlprandi@al.sp.gov.br

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