Ligia Cristina cria linguagem poética do espaço, provocando reflexão e introspecção

Emanuel von Lauenstein Massarani
30/05/2003 14:50

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A pesquisa de Ligia Cristina é animada por fantasiosas ascensões cromáticas de uma meditada estruturação, visual e espacial, na qual a luz exerce papel essencial, iluminando em ritmos fluidos as formas de sua própria emoção.

Os elementos plásticos da realidade são reduzidos pela artista em planos geométricos, essências numa relação de intensa construção tonal, abrindo cada traço num unitário ritmo orgânico sobre cuja cor está pontualizado o interior processo osmótico em direção a maior espacialidade da imagem, mas também de atmosferas luminosas rarefeitas.

As obras de Ligia Cristina possuem estrutura extremamente simples, mas também luminosa. O organismo estético é privado de tecidos corretivos, pois deseja alcançar um lirismo puro e intenso. Os elementos léxicos, seja materiais ou cromáticos, são rigorosamente selecionados e transfigurados ainda antes de submersos no discurso poético. A adjetivação tonal e a substantivação das cores e das formas se equilibram, enquanto a sintaxe, desmembrada e substituída por uma ordem fundada sobre dissonâncias e tensões, nos transmite visualmente uma linguagem poética do espaço.

Como ela própria esclarece, trabalha na desestruturação dos elementos rígidos e estáticos, em busca de certa maleabilidade, e através dessa polaridade mexe com os mais diferentes níveis de consciência.

A artista confia na tradução de sua inspiração a um cromatismo decisivo, com tons aparentemente contrastantes que se compõem organicamente em vibrações puras e de impressionante estrutura. Experimentando com consciência lúcida e com total empenho os ritmos existenciais, documenta-os com gestos e sinais pessoais e oferece assim novas possibilidades das relações do pensamento.

Usando, em suas telas abstratas e geometricamente estruturadas, pigmentos, texturas minerais, ouro e prata - como na obra Fragmentos I, doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho -, Ligia Cristina consegue criar no espectador momentos de introspecção, reflexão e profunda admiração.

A artista

Ligia Cristina, pseudônimo de Lígia Cristina Fregnani Martins Merlo, nasceu em São Paulo, no ano de 1958. Iniciou seus estudos informais de pintura na escola acadêmica no ano de 1975. Desde então vem aprimorando seu trabalho com mestres renomados e realizando pesquisas em diferentes técnicas, estilos e materiais, onde desenvolveu seu próprio "fazer artístico", cuja marca mais evidente é a "busca" do belo, do equilíbrio e da harmonia.

É formada em psicologia pelo Instituto Metodista (1975) - concluiu especialização em psicoterapia no Instituto Sedes Sapientiae (1984) - e em pedagogia pela Universidade São Judas Tadeu. Em 1983, abandona as atividades psicoterapêuticas para se dedicar exclusivamente à pintura e monta seu próprio ateliê.

Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, destacando-se, entre elas: XII Salão de Artes Plásticas do Instituto Alberto Mesquita de Carvalho (1993); III Salão de Artes Plásticas da Vila Prudente (1995); II Salão Livre de Artes Tom Jobim; I Salão de Imagem - ABACH; I Salão de Artes Plásticas de Peruíbe; Galpão das Artes "Os Cinco Sentidos" (1997); II Salão Contemporâneo de Artes Plásticas de Vinhedo; IV Mostra Nacional de Arte Contemporânea, Blumenau; Salão Nacional Cidade Maravilhosa "500 anos do Brasil" (1999); Salão de Artes Sacra, Sociedade Brasileira de Belas Artes, Rio de Janeiro; 29ª Mostra no Bunkyo; IX Salão Brasileiro de Belas Artes, Ribeirão Preto (2000); Salón Internacional do Mercosur Juanito Laguna, Buenos Aires, Argentina; 30º Salão de Artes Plásticas Bunkyo; I Salão de Arte Figurativa Contemporânea Bunkyo (2001); II Salão de Arte Figurativa Contemporânea, Bunkyo; Horizontes Friedberg, Alemanha; Artista del Mercosur, Buenos Aires, Argentina; Mostra Inaugural do Espaço Cultural Canadá - Brasil - SP (2002).

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