Opinião - Reflexão do movimento sindical


29/04/2009 18:25

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No Brasil, pouco mais de 2 milhões de trabalhadores terão pouco o que comemorar no 1º de maio. São as vítimas do desemprego que se entendem por praticamente todos os países do mundo, em decorrência da crise econômica mundial.

Em meio a recordes negativos de perda de postos de trabalho, um alento. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, pela primeira vez em cinco meses, o número de pessoas empregadas superou o de desempregados em 34.818 de trabalhadores. Seria um indicador do que o pior já passou? A julgar pelos indicadores econômicos ainda não.

O desemprego, decorrente da desaceleração da economia, como todos sabem traz conseqüências nefastas. Quem já passou pela situação de estar desempregado sabe do que estamos falando. Insegurança, deterioração das relações familiares, falta de perspectivas, problemas psicológicos e aumento do consumo de álcool e drogas estão entre os seus efeitos.

Na Europa, o desemprego levou ao aumento da xenofobia, insuflada pelos partidos de direita. Eles vêm conquistando adeptos entre os trabalhadores, que acusam os imigrantes de ocupar os postos de trabalho, mesmo sabendo que estes, antes da crise, estavam alocados, quase sempre, em serviços braçais, que não interessavam aos europeus.

E a situação do nosso país? O FMI divulgou recentemente um trabalho revendo suas estimativas para o desempenho da economia brasileira. De um pequeno crescimento econômico o Brasil, de acordo com essa nova avaliação, terá desempenho negativo este ano. Recuo de 1,3% no PIB, em 2009.

As indústrias que dependem de exportações e de crédito estão sendo particularmente afetadas, segundo estudo do Banco Mundial, em decorrência do baixo de preço das commodities e da forte retração do comércio mundial, que deverá sofrer uma redução de 2,1% este ano, frente a uma expansão média de 8,7%, em 2006 e 2007. Já o FMI estima uma retratação de 11% este ano das transações econômicas e crescimento de 0,6% em 2010.

Em novembro de 2008, um mês depois de sua primeira estimativa, novas projeções do Banco Mundial indicavam que a economia dos países industrializados, em seu conjunto, irá encolher 0,3%, em 2009. Já a expansão da economia mundial será de 2,2%, puxada especialmente pelo desempenho da China, 0,8% abaixo da estimativa anterior.

Em meio à chuva de indicadores negativos que embaçam os palpites sobre a duração da crise, os trabalhadores encontram dificuldades nas negociações salariais. A prioridade é a manutenção dos postos de trabalho e em seguida os aumentos reais de salário. Mas há setores que admitem reduzir os salários em troca de estabilidade de emprego.

A OIT (Organização Internacional do Trabalho) estima em 30 milhões o número de desempregados em 2009, mesmo com a adoção de pacotes de recuperação econômica lançados pelos governos, ou 51 milhões, em caso de insucesso das medidas de alívio.

A maioria dos países já reduziu os juros a níveis mínimos. Seria o caso de no Brasil se rever a periodicidade da avaliação do Copom (Conselho de Política Monetária) sobre a taxa de juros Selic, no sentido de acelerar a sua redução. Sobra ainda encontrar uma maneira de também se reduzir o spread bancário (a diferença entre a captação dos recursos e o repasse ao tomador final dos empréstimos), que, a despeito da redução da taxa Selic, ainda estão muito altos.

O momento, portanto, é de reflexão para os trabalhadores de como influir para diminuir os reflexos da crise que recaem sobre o desempenho da economia e, por conseguinte, refletem na diminuição do nível de emprego.



*Davi Zaia é deputado estadual e 2º vice-presidente da Assembleia Legislativa.

alesp