O AUMENTO DOS CRIMES NO INTERIOR - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
12/12/2000 16:17

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Os problemas de violência e criminalidade detectados no Vale do Paraíba nos últimos cinco anos nos conduzem a uma reflexão sobre o aumento da onda de crimes no Interior e no Litoral do Estado de São Paulo. A situação de pequenas e médias cidades em torno de São José dos Campos, Taubaté e Guaratinguetá não é diferente da enfrentada por municípios das regiões de Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Piracicaba, Marília, Araçatuba, Presidente Prudente, Franca e Santos. Pequenas cidades, que antes despertavam inveja entre os paulistanos, passaram a ter problemas sociais que influíram para o crescimento da violência. Além disso, há a questão da droga: não muito tempo atrás, a cidade de Serrana, de 20 mil habitantes, perto de Ribeirão Preto, teve uma chacina em que foram mortos cinco jovens. Tudo por causa da eterna briga entre quadrilhas de traficantes. Jacareí, no Vale do Paraíba, foi sacudida em novembro por um chocante recorde de homicídios em série: num só ataque de quatro bandidos encapuzados, foram mortos dez jovens, a maior chacina ocorrida no Estado neste ano. As vítimas tinham entre 13 e 26 anos e foram eliminadas com 60 tiros. É a guerra do tráfico de drogas. Nos últimos meses, tem havido muitos seqüestros, roubos a bancos e assaltos a mão armada em cidades como Vinhedo, Indaiatuba, Piracicaba, Taubaté. Também existe intercâmbio entre bandidos, levando à sofisticação das operações e dos métodos de ataque às vítimas. Isso ficou caracterizado no caso da tristemente famosa família Oliveira, aquela dos maiores seqüestradores do país: ramificações de quadrilhas se comunicam até na prisão. Nos meus 30 anos como jornalista e em 14 anos como deputado estadual, tenho buscado explicações e soluções para esses problemas. Na verdade, a situação está muito difícil, pois crescem os dramas sociais, enquanto as autoridades da Segurança Pública do Estado de São Paulo mostram-se inertes. Nos anos em que presidi a CPI da Assembléia Legislativa que investigou o avanço do crime organizado em nosso Estado, de 1995 a 1999, viajei bastante pelo Interior e pelo Litoral e posso garantir que hoje em dia já não existe diferença entre a gigantesca metrópole de São Paulo e os demais municípios. Ladrões de cidades grandes atacam cidades pequenas em volta. Num raio de 100 quilômetros em torno de São José, surgem novos mercados para a indústria do crime. Na pacata Jambeiro, entre São José e Caraguatatuba, cerca de 70% dos crimes registrados pelas autoridades policiais daquele município são praticados por marginais de São José. Nem estâncias hidrominerais, turísticas e climáticas, como Campos do Jordão, Serra Negra, Águas de Lindóia e Águas de São Pedro escapam. Na Serra da Mantiqueira, Campos do Jordão tem fama de abrigar gente rica e, por isso mesmo, sofre com a criminalidade. Em época de temporada de inverno, em julho, o policiamento é reforçado e verifica-se um resultado positivo. O mesmo ocorre nas estâncias balneárias do Litoral, quando das férias de verão. O problema é que muita gente desce da Capital e do Interior para Santos, Guarujá, Praia Grande, Bertioga, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. Muitos ladrões também descem. Com isso, há veranistas demais e ladrões demais para poucos policiais. Haja precaução!

*Afanasio Jazadji é deputado estadual pelo PFL, jornalista, radialista e advogado.

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