Para valorizar a mulher

OPINIÃO - Maria Lúcia Amary*
19/05/2003 19:16

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2003 marca a comemoração dos 70 anos da eleição da primeira mulher deputada no Brasil. A escolha de Carlota Pereira Queiroz para a Câmara Federal descortinou um novo horizonte para as mulheres. Um ano depois da sua vitória, a Assembléia Constituinte assegurava vários direitos para o sexo feminino. A maior dessas conquistas foi o estabelecimento do princípio da igualdade entre os sexos. Esta situação permitiu o surgimento do direito ao voto feminino, a regulamentação do trabalho da mulher e a equiparação salarial com os homens.

Ao longo de toda a história, a participação da mulher como agente político tem sido cada vez maior. Mas as nossas conquistas ainda não alcançaram um padrão. Elas não ocorrem sem um sofrimento muito grande. Ao contrário dos homens, as mulheres que vencem têm de lutar muito. Várias acabam ficando no meio do caminho por não resistir. Temos exemplos de toda a sorte espalhados por esse imenso Brasil. Sem nenhum feminismo exacerbado, as mulheres precisam se libertar dessas amarras e isto se faz por meio de uma preparação melhor.

Desde a nossa filiação ao PSDB, em 1992, desenvolvemos um trabalho voltado para isto. O ponto alto ocorreu em 1997, quando lideramos a campanha "Mulheres Sem Medo do Poder", que estimulou as candidaturas femininas pelo partido. Em 2001, ajudamos a fundar o Secretariado Estadual das Mulheres Tucanas. Esta é uma das principais instâncias de formação de mulheres para a política. De nada adianta existirem cotas para o ingresso de mulheres nas campanhas se não houver mulheres com condições para realizar isso a altura.

Ao mesmo tempo em que trabalhamos internamente no PSDB e externamente com a nossa atividade política, é preciso que as mulheres se entusiasmem. Não precisa ser entre os tucanos. Qualquer partido deve abrigar mulheres que estejam interessadas em fazer política. Precisamos aproveitar a nossa sensibilidade, sobretudo para o social, de modo que possamos apresentar propostas mais reais. Se nós, mulheres, não nos engajarmos nesses cursos de formação e se não nos prepararmos, vamos acabar como um segmento apenas na política.

A luta das mulheres para chegar até onde chegaram já foi árdua o suficiente para deixar que haja retrocesso agora. Francisca Amália de Assis Faria, Anna Benvinda Ribeiro de Andrade, Narcisa Amália, Maria Thomásia e a compositora carioca Chiquinha Gonzaga, conhecidas como abolicionistas ferrenhas, marcaram suas vidas pela coragem e pela determinação na luta pela independência e liberdade das mulheres. Por elas e por todas as outras que vieram depois, temos de continuar e temos de ampliar essa bandeira para todos os Estados brasileiros.

Portanto, ficamos muito felizes de assumir um cargo público em defesa dos cidadãos na Assembléia Legislativa no mesmo ano em que se comemora 70 anos da primeira mulher deputada do Brasil. Vamos trabalhar para construir uma situação melhor sem dúvida a todos os nossos eleitores. Mas desenvolveremos também um programa de atividades voltadas para as mulheres. Há muito que conquistar ainda. Esperamos poder juntar para isso a coragem de Carlota Pereira Queiroz com a capacidade de realização de uma Rita Camata.

* Maria Lúcia Amary é deputada estadual pelo PSDB de Sorocaba.

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