Pedro Simon é entrevistado pelo programa Arena Livre da TV Assembléia

"Sem candidato próprio à Presidência, o PMDB acaba", diz Simon
18/01/2002 19:45

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O senador pelo Rio Grande do Sul, Pedro Simon, participou na tarde desta sexta-feira, 18 de janeiro, da gravação do programa Arena Livre, da TV Assembléia. O programa, comandado pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior, que irá ao ar na próxima segunda-feira, dia 21, às 20h30, contou com a participação dos deputados Antonio Mentor (PT), Pedro Mori (PSB) e Wilson Morais (PSDB).

Pedro Simon, que tem percorrido o país defendendo a tese da candidatura própria do PMDB, afirmou que a decisão de seu partido é "inarredável". Segundo ele, "o PMDB tem candidato, vai ter candidato e se não tiver, acaba". O senador lembrou o "grande trabalho feito pelo PMDB e pelo velho MDB pela democracia", e advertiu que sem candidatura própria "vai passar a ser um partido nanico".

De acordo com Simon, apesar de toda a sua história, o PMDB, depois de ter conquistado novamente a democracia para o país, ficou na geladeira e tem de sair dela. "Temos de mostrar o que é o PMDB, a ética, a moral." Ele disse não se incomodar com a falta de exposição de seu nome na mídia e alegou que depois de dois meses de programa eleitoral na TV, com 8 minutos, terá condições de mostrar suas idéias e a de seu partido. "A governadora Roseana Sarney, com dois programas, foi para 21 pontos nas pesquisas", disse, deixando claro que uma de suas metas é transformar novamente o PMDB num grande partido.

Fidelidade partidária

O senador lamentou que o Brasil não tenha tradição de partido político, e ressaltou que esta é, no entanto, uma das características do PT. Para Pedro Simon, que é a favor da lei da fidelidade partidária, "quem mudar de partido tem de perder o mandato". O senador lembrou que, nesta legislatura, 250 deputados federais mudaram de partido e fez críticas à postura do colega senador e ex-presidente José Sarney, seu companheiro no PMDB, que teria afirmado que seu partido é o da sua filha, Roseana Sarney (PFL). "Ele pode até votar na filha dele, é correto. Mas acho deselegante forçar um apoio do PMDB a Roseana."

Aliança

Para Pedro Simon, a aliança estabelecida para o governo Fernando Henrique Cardoso se esgota ao término do governo dele. "Não temos nada a ver com o Serra ou com Roseana. O que o PMDB está fazendo hoje é dar respaldo ao governo dele (FHC)." Para ilustrar sua opinião, o senador disse que "para governo que está saindo, já servem café frio. É nesse sentido de não rejeitar tudo o que aparece, que continuamos dando respaldo ao governo".

Programa de governo

"Minha cara é a do PMDB, um partido que tem propostas para o povo brasileiro", disse o senador. "Se o que vou dizer vai concordar ou não com Fernando Henrique, não me importa", completou. Para ele, os discursos que vem sendo feitos por todos os pré-candidatos, até agora, têm sido de oposição, inclusive o do ministro da Saúde, José Serra (PSDB).

Dois turnos

Perguntado se é hora de dividir a aliança firmada pelo governo Fernando Henrique, quando há uma forte candidatura, que é a de Lula, Pedro Simon ressaltou que as eleições no Brasil são em dois turnos, o que dá a possibilidade de uma aliança depois do primeiro turno. Ao ser lembrado de que o atual presidente do Brasil foi eleito e reeleito em primeiro turno, o senador disse que isso acabou gerando um problema. "Fernando Henrique ficou vaidoso". Para o senador, Serra, Roseana ou o candidato do PMDB devem ir para o segundo turno com Lula.

Reeleição.

"Votei e me manifestei contra a reeleição, mas se tem, governador e presidente da República têm de sair do cargo ao se recandidatar."

Ética e fim da imunidade parlamentar

Outro assunto discutido na entrevista foi o fim da imunidade parlamentar. Pedro Simon destacou a posição do Senado e da Câmara Federal que têm trabalhado para afastar os políticos que fazem mau uso de seus mandatos. "Afastamos até o vice-rei do nordeste", disse.

Para o senador, a imunidade deve ser apenas em relação à palavra. Ele citou diversas medidas tomadas, através leis, de sua iniciativa, que têm contribuído para moralizar o Congresso. "O Congresso não pode pôr ninguém na cadeia, só pode cassar." Mas agora, segundo ele, o processo que é gerado de uma CPI, ao ser entregue ao procurador-geral da República, tem um prazo para ser analisado, não podendo ser engavetado. Outra medida é o fim do sigilo. "Tem cargo público, não pode ter sigilo."

O senador defende ainda que os políticos sejam julgados prioritariamente. "Processo comum que envolva quem tem cargo eletivo tem de ter prioridade. Nós que somos políticos, que fazemos as leis, temos de ser julgados primeiro." Para ele, isso acabaria com a impunidade que tem atingido toda a classe política. Tal medida teria, de acordo com ele, ainda três vantagens: "Botar na cadeia quem é ladrão, absolver quem não é, e melhorar a imagem da classe política, que poderá mostrar melhor o seu trabalho."

alesp