DA REDAÇÃO (com fotos) Com a participação do secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes, a Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa realizou audiência pública nesta quarta-feira, 13/3, para discutir a estratégia de combate à dengue no Estado. Em tom de polêmica, o encontro reuniu ainda representantes da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), da Secretaria Municipal de Saúde, do Exército e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).De acordo com o secretário, ainda há tempo de evitar a expansão da epidemia, "embora as prefeituras tenham se acomodado". Segundo ele, A Lei de Responsabilidade Fiscal provocou a demissão de pessoal de controle em diversos municípios e, em 2002, poderá se repetir no Estado o recorde registrado em 1998: 51 mil casos. "A pulverização das residências não é um método eficaz, é preciso fazer um controle dos focos de casa em casa", afirmou ele.Ação insuficienteConforme dados apresentados pela representante da Sucen, Carmem Moreno Glasser, o Estado de São Paulo já apresenta, em 2001, quatro mil casos registrados, localizados principalmente em Campinas e na Baixada Santista. Ela atribui o crescimento da doença principalmente à falta de limpeza nas grandes cidades e à grande quantidade de pneus e embalagens plásticas existente nos principais conglomerados urbanos. "A ação do poder público tem sido insuficiente, sobretudo no que diz respeito ao tratamento do lixo", disse Carmen Moreno.A Sucen avalia que entre as principais dificuldades para a redução dos criadouros do Aedes aegypti estão a insuficiência de pessoal, o pouco envolvimento de outros setores além da Secretaria da Saúde e a limitação de agentes imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Para Carmen Moreno Glasser, no primeiro semestre de 2002 haverá a necessidade de medidas adicionais para o bloqueio da transmissão, que terá de contar com o envolvimento da população.Mariângela Duarte, deputada pelo PT, afirmou que, em 1998, entregou ao então ministro da Saúde, José Serra, e ao secretário José da Silva Guedes um dossiê dando conta do crescimento da dengue na Baixada Santista. "Mesmo assim, só amanhã, 14 de março, será realizada a primeira ação de controle no Porto de Santos", declarou a parlamentar. Segundo ela, no últimos anos houve uma redução de 38% nas transferências de recursos destinados ao controle de endemias da Secretaria da Saúde para os municípios da Baixada Santista.A redução de investimentos no combate a endemias também foi o tema central da intervenção do deputado Jamil Murad (PCdoB), que afirmou que o governo chegou a cortar diárias de agentes. A deputada petista Maria Lúcia Prandi insistiu no assunto e afirmou que, de 1997 a 2001, as verbas destinadas ao controle da dengue pelo governo federal passaram de R$ 248 milhões para R$ 70 milhões.Estratégia globalJá o deputado José Augusto (PSDB) acendeu a polêmica quando afirmou que ao questão não é apenas de investimentos pontuais no controle da dengue, mas que também se fazem necessárias ações voltadas para o aperfeiçoamento da coleta de lixo e o disciplinamento do uso de recipientes plásticos. Para o presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, Rodolfo Costa e Silva (PSDB), a questão deve ser tratada globalmente, inclusive sob o ponto de vista da urbanização e da ecologia. "Está faltando uma estratégia estadual articulada, envolvendo, inclusive, órgãos públicos federais", disse Costa e Silva.O secretário José da Silva Guedes negou que haja uma redução de investimentos no controle da dengue. Segundo ele, a Secretaria tem outras fontes de recursos além do orçamento, que também são utilizados com essa finalidade. "O Estado tem investido maciçamente em saneamento, tanto que 65% dos esgotos do estado estão tratados". Guedes fez questão de lembrar que São Paulo possui apenas 4% dos casos da doença registrados atualmente no Brasil.