Opinião - Meio Ambiente e a atividade florestal


01/06/2010 19:19

Compartilhar:


Dados recentes disponibilizados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura relatam o aumento considerável da área de cobertura florestal em países como Portugal, França, Alemanha, Reino Unido, Suécia e Finlândia. Estes países, considerados desenvolvidos, vêm recuperando suas florestas sem diminuir a produtividade de seus cultivos agrícolas, através da adoção de tecnologias que permitem obter maior produtividade em menor área, ao contrário do que geralmente ocorre nos países em desenvolvimento, onde as florestas são derrubadas, pois são consideradas obstáculos ao progresso. Assim, perdemos, anualmente, cerca de 2,3 milhões de hectares em florestas, sendo que na Amazônia brasileira este conflito se manifesta de forma mais intensa.

Apesar das altas taxas de desmatamento, o Brasil ainda possui a segunda maior área florestal do mundo, 544 milhões de hectares, ou seja, 14,5% das florestas mundiais, o que confere ao país as condições básicas para se tornar a maior potência florestal do planeta. A questão é: como utilizar este patrimônio natural sem destruir?

Nesse sentido, temos que reconhecer o esforço da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que nos últimos 30 anos se dedicou a desenvolver sistemas de manejo florestal, adaptados às florestas naturais brasileiras. Os resultados vêm demonstrando que os benefícios econômicos do manejo florestal superam os custos e aumentam a produtividade no trabalho, a redução do desperdício e o crescimento. Além disso, a floresta se recupera em um curto período de tempo.

Apesar de as florestas plantadas ocuparem apenas 0,7% do território brasileiro e o manejo florestal ocorrer em apenas 5% da área de florestas naturais, o setor florestal responde por 4% do PIB nacional, 8% das exportações, 3,6 milhões de empregos, recolhendo mais de R$ 3 bilhões em impostos a cada ano.

A atividade florestal apresenta uma série de características que a diferenciam de outros setores como a produção de benefícios indiretos que envolvem a conservação do solo, proteção de mananciais de água, fauna e flora e redução do efeito estufa. A floresta manejada gera renda, conserva o meio ambiente, e tem grande peso no agronegócio brasileiro. No entanto, na exploração de nossas florestas naturais ainda predominam o uso não sustentável e o desperdício. É chegada a hora de revertermos esse quadro com consciência e investimentos.



*Haifa Madi é deputada estadual pelo PDT.

alesp