Caros leitores, choca e até mesmo causa grande revolta ver como a relação familiar tem sido banalizada e desvalorizada nos últimos tempos. Se por um lado a modernidade trouxe facilidades infinitas, sua chegada também modificou o significado da unidade básica denominada família. Se antes achávamos que essas mudanças poderiam ser positivas, hoje visualizamos uma verdadeira degradação de princípios e valores fundamentais para o bom convívio e até mesmo sobrevivência de qualquer sociedade.

Nos últimos dias, a morte da jogadora de vôlei Magda Aparecida Galasso Gomes, de 53 anos, em seu apartamento na zona oeste de São Paulo, emocionou a todos que acreditaram que esta havia sido morta ao defender seu filho dos bandidos. Mas o que antes parecia uma história de amor maternal, agora mais se assemelha a perda do amor e respeito por esta figura, já que, segundo o DHPP, o filho de Magda, o estudante Kléber Tadeu Galasso Gomes, de 22 anos, admitiu, em 16/2, ter mentido ao dizer que a mãe havia sido morta a facadas ao se jogar na frente de um ladrão para evitar que o filho sofresse a agressão.

Segundo a polícia, uma cláusula contratual do apartamento de Magda, informava que, no caso de sua morte, o imóvel seria quitado. A jogadora possuía também um seguro de vida de R$ 50 mil, com o filho como beneficiário. Aos policiais, Kléber disse ter convidado um traficante para ir até o apartamento para dar um "susto" em sua mãe, que, segundo ele, "pegava muito em seu pé". Após a confissão, o estudante teve a prisão temporária decretada.

Impressiona a frieza das palavras e mais ainda a verdadeira encenação do rapaz, mas esta história não é isolada, nos últimos anos vimos diversos casos semelhantes em todo o mundo. Mas o que está acontecendo?

Casos de homicídio em família não passaram a ocorrer apenas de alguns anos para cá. A humanidade registra casos semelhantes há muitos séculos. Segundo a bíblia, o primeiro caso de homicídio teria ocorrido ainda no início de nossa existência, quando o filho de Adão e Eva, Caim, matou, por ciúmes, seu irmão Abel.

Mas mesmo que atos de agressividade como esse sejam relatados há muitos séculos, quando as cenas se repetem tomam dimensão e notoriedade gigantescas, pois assustam e impressionam pela crueldade. Infelizmente, casos de homicídio no convívio familiar têm sido cada vez mais comuns.

Pode parecer piegas e ultrapassado, mas a família tem sido desvalorizada em nossa sociedade, e neste caso as mudanças de paradigma não têm surtido bons efeitos. O meio familiar, que antes era considerado o berço em que se transmitiam valores, costumes e tradições, para muitos não passa, hoje, de uma mera convivência desnecessária, recheada de desrespeito, intolerância e falta de laços afetivos.

Se esta fonte de valores e costumes tem sido descontruída, o que será das próximas gerações? Na verdade temos visto o resultado desta desvalorização já hoje. Se a juventude não tem conseguido respeitar esses valores, como poderão viver em um ambiente em que precisam respeitar e colaborar com outros indivíduos tão diferentes? Nunca caiu tão bem a frase do filósofo e matemático grego Pitágoras: "Observa o teu culto a família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens". Pensemos nisso.

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e líder da bancada na Assembleia.

"Pode parecer piegas e ultrapassado, mas a família tem sido desvalorizada em nossa sociedade"