De la Rúa diz que o "espírito do Mercosul" está se firmando


29/08/2000 14:22

Compartilhar:


Em seu discurso na abertura do seminário Cadeia Produtiva da Pecuária Bovina no Mercosul", nesta terça-feira, 29/8, no Hall Monumental da Assembléia Legislativa, o secretário-geral da presidência da Argentina, Jorge De la Rúa, lembrou que no final do ano passado e início deste chegou a ser comentado que o Mercosul estava acabando. "Uma sombra pairou sobre o Mercosul", disse ele, para quem as freqüentes conversas entre os presidentes dos dois países, Fernando Henrique Cardoso e Fernando de la Rúa, que "apostaram com absoluta confiança no destino do Mercosul", e a enorme integração diplomática entre os dois países, foram responsáveis pela atual situação, em que o que ele chamou de espírito do Mercosul está se firmando.

Para Jorge De la Rúa, o esforço do conjunto de empresários brasileiros e argentinos discutindo o Mercosul e apontando caminhos demonstra que o Mercosul está funcionando. Ele destacou a necessidade de os países atuarem em bloco no mundo globalizado e, particularmente, do Mercosul como forma de enfrentar grandes desafios, como a Alca, o mercado europeu, o mercado do leste da Europa e ainda o mercado asiático. "Eminentemente devemos atuar como um bloco, e isto em todos os setores, com uma integração comercial, industrial, econômica, cultural e até educativa", disse.

De la Rúa afirmou que o Mercosul está claramente em processo de desenvolvimento e que não há prerrogativas de liderança. De acordo com ele, Brasil e Argentina têm de buscar os demais membros do Mercosul, Uruguai e Paraguai, para as discussões já iniciadas e atrair o Chile, que apesar da proximidade com os países do Mercosul, foi convidado a integrar o Nafta, formado por Canadá, Estados Unidos e México. "Não há protagonismos. O único imperialismo vigente é o do homem livre". Com esta frase o secretário geral da presidência da Argentina encerrou seu discurso de abertura.

Na coletiva que se seguiu, De la Rúa destacou que as desarmonias vêm sendo resolvidas e deverão ser analisadas pontualmente, referindo-se às sanções aos frangos, açúcar e álcool, e calçados brasileiros, e que, particularmente em relação ao açúcar, "o tema se encontra em estudos por parte do presidente Fernando De la Rúa, que deverá comunicar em breve sua decisão".

Sobre o avanço do Mercosul, Jorge De la Rúa afirmou que o tempo de hoje, no mundo globalizado, é diferente, e que, para avançar mais rápido, o Mercosul depende do desenvolvimento de uma pauta de integração política. Ele enfatizou que, de qualquer forma, o Mercosul já é uma realidade significativa.

Ao tratar da questão da febre aftosa, De la Rúa disse que a integração entre Brasil e Argentina deverá ajudar a um melhor controle e que medidas rigorosas deverão ser tomadas de comum acordo. "Não há que se pensar em soluções para um país em detrimento de outros". Para o presidente da Assembléia, deputado Vanderlei Macris, da reunião de hoje sairão propostas para a criação de mecanismos de proteção, para ambos os países. Quanto à postura do Paraguai em relação ao problema, o vice-presidente da Câmara de Deputados da Provincia de Buenos Aires, deputado Alejandro Mosquera, disse que Brasil e Argentina têm interesses comuns ao Paraguai e que "Estados Unidos e Canadá têm interesses conflitantes, mas estão conversando, para manter o Nafta". Para a deputada argentina, Hebe Febles, "os conflitos existem, mas temos, de alguma maneira nos antecipar aos problemas, identificá-los, estudá-los e propor soluções".

alesp