Projeto cria Programa Paulista de Biodiesel

Diversas autoridades debateram no Legislativo Paulista a implementação do biodiesel na matriz energética de São Paulo
06/06/2003 17:38

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Da assessoria do deputado Arnaldo Jardim



O coordenador da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável, deputado Arnaldo Jardim (PPS), anunciou nesta quinta-feira, 5/6, durante o seminário "Importância e Desenvolvimento do Biodiesel Paulista", realizado na Assembléia Legislativa, que a Frente apresentará um projeto de lei para criar o Programa Paulista de Desenvolvimento do Biodiesel.

O evento contou com a participação do presidente da Casa, deputado Sidney Beraldo (PSDB), e do líder do governo, deputado Vanderlei Macris, que representou o governador Geraldo Alckmin.

Na abertura, o presidente da Assembléia Legislativa, Sidney Beraldo, se declarou um entusiasta do biodiesel pelo potencial de geração de empregos no campo. "Trata-se de uma discussão importantíssima para o País e para São Paulo".

Por sua vez, Arnaldo Jardim ressaltou o apoio recebido por Sidney Beraldo e lembrou que a data do seminário era oportuna, pois se comemorava o Dia Internacional do Meio Ambiente. "Podemos comemorar, pois o Brasil, com sua matriz energética, que é a mais limpa do planeta, é uma referência mundial. Agora, com o biodiesel, iremos melhorar ainda mais os nossos indicadores". Ele também questionou aos palestrantes os possíveis problemas técnicos e econômicos que poderiam inviabilizar o biodiesel.

O professor da USP, Miguel Dabdoud, destacou que quando se fala em biodiesel se deve pensar em dois aspectos: o ambiental e o econômico. Ele falou que já há tecnologia para utilizar o álcool da cana-de-açúcar para a produção do biodiesel. "Assim, o nosso combustível seria 100% renovável e nacional. Estamos mostrando ao mundo que as energias advindas de fontes limpas e renováveis são viáveis", afirmou. O professor lembrou que já foram realizados estudos que comprovam que a mistura de até 50% de biodiesel ao diesel não resulta em perda de potência dos veículos. Por fim, Dabdoud elogiou a proposta de criação do "Programa Paulista de Desenvolvimento do Biodiesel", de Arnaldo Jardim, e afirmou que a implementação do combustível é oportuna, pois vai ao encontro do Protocolo de Kyoto. "Se misturássemos apenas 5% de biodiesel em nosso diesel já reduziríamos significativamente a emissão de gases poluentes."

Eduardo Carvalho, da Unica, afirmou que o programa do biodiesel é muito importante, mas só será implementado se houver vontade política. "O deputado Arnaldo Jardim está demonstrando que existe essa vontade nos órgãos do Estado de São Paulo e isto é um exemplo para todos", ressaltou. Ele também deixou claro que não há nenhum problema técnico para a implementação do programa e destacou os aspectos positivos do combustível. "O biodiesel trará economia de divisas para o Brasil, além de despoluir o meio ambiente. Portanto, os ganhos para a sociedade são imensos".

O professor José Roberto Moreira (Cenbio) defendeu a necessidade de subsídios para o início do programa. "O biodiesel está ganhando dimensão no cenário internacional e o Brasil tem que participar do processo. Além disso, achar um combustível renovável que substitua o diesel é uma façanha tão importante quanto o programa do álcool", destacou.

Já o presidente da Abiove, Carlo Lovatelli, lembrou que o Brasil é o segundo maior produtor de óleo de soja do mundo, o que representa uma grande oportunidade para a implementação do biodiesel. Ele destacou que o Protocolo de Kyoto, somado a outros fatores econômicos, tem estimulado a produção deste combustível em diversos países. Segundo dados apresentados por Lovatelli, se o Brasil adicionasse 5% de biodiesel ao óleo diesel refinado de seus veículos, economizaria 25% em importação de diesel, o que equivale a US$ 288 milhões/ano, e poderia gerar 183 mil novos empregos em médio prazo.

Por sua vez, Juan Diego Ferrer (Abiove) falou sobre a necessidade de se estabelecer um prazo para a implementação do programa, como ocorre em diversos países da Europa. "Se adicionarmos rapidamente 5% de biodiesel em nosso diesel, poderemos chegar a 20% em grandes cidades onde existe mais poluição."

A secretária adjunta do Meio Ambiente, Sueni Teixeira Coelho, anunciou que a Secretaria pretende criar, junto com a Secretaria de Ciência e Tecnologia, um grupo de trabalho para tratar sobre o biodiesel.

José Carlos Rossetti, representante da Secretaria da Agricultura no evento, destacou diversas iniciativas do governo estadual e apresentou dados sobre a implementação do biodiesel. "Desde maio deste ano, toda a frota da cidade de Santa Bárbara já está usando biodiesel", lembrou.

O representante do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan, lembrou que quando o ministro Roberto Rodrigues era presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) produziu diversos materiais sobre biodiesel. Ele ressaltou que o ministro é um entusiasta do programa. "O biodiesel pode se transformar em um programa maior do que o do álcool." Bressan ainda destacou que o biodiesel colaboraria para um significativo aumento da produção de soja do País. "Temos, no Brasil, uma quantidade enorme de área agriculturável."

Por fim, Arnaldo Jardim avisou que a Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável irá compilar as propostas apresentadas no debate e fará uma publicação sobre o tema. "O biodiesel é um combustível limpo e renovável que tem a cara do Brasil", concluiu.

ajardim@al.sp.gov.br

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