Educação e distribuição de renda

Arnaldo Jardim*
16/06/2000 13:35

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O problema educacional é atualmente apontado como o grande nó do crescimento da sociedade brasileira. Frases como "Investir em educação é investir no futuro", "Educação é a arma para a promoção do desenvolvimento" e "Educar diminui as diferenças" são extensivamente utilizadas por intelectuais e políticos, quando se referem a essa questão prioritária.

Há alguns anos, a maior satisfação para um chefe de família era deixar algum bem para os seus filhos, de preferência uma casa própria, o que representaria uma alavanca no início da carreira profissional de seus "garotos". Hoje, as circunstâncias mudaram e o grande patrimônio que o pai se esforça em deixar ao filho é uma boa educação.

Porém, é evidente que o filho do pobre já nasce perdendo na corrida da vida. A maior parte das vagas das universidades públicas é preenchida por alunos egressos de colégios privados, ou seja, o próprio ensino gratuito universitário, que deveria ter a função de distribuir renda, de igualar oportunidades, apresenta-se praticamente inacessível aos alunos provenientes do ensino público.

Esse círculo vicioso leva a um quadro desolador e dramático. Temos uma das maiores concentrações de renda do planeta e em todos os programas de "ajuste econômico" a corda sempre arrebentou do lado mais fraco: os assalariados foram os primeiros, quando não os únicos, a pagar a conta.

Ao Brasil não resta simplesmente o desafio de crescer. É preciso que esse crescimento seja planejado e ordenado, e venha acompanhado de medidas claras que permitam melhor distribuição de renda, elevação do salário mínimo, recuperação do poder aquisitivo dos salários, valorização dos nossos recursos humanos, aliados à qualidade nos serviços públicos de saúde e principalmente a educação.

Desta forma haverá uma real democratização. Uma democratização que não fique restrita à liberdade, mas seja estendida à igualdade de oportunidades.

*Arnaldo Jardim é deputado e presidente estadual do PPS. Engenheiro civil, foi secretário estadual da Habitação (1993) e é relator geral do Fórum São Paulo Século XXI.

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