Opinião - Solidariedade e serviço voluntário no Estado de São Paulo


08/01/2010 17:10

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As fortes chuvas que atingiram o Estado de São Paulo no início deste ano trouxeram prejuízos para diversos municípios, com reflexos bastante desastrosos ao desenvolvimento socioeconômico, além de muita aflição às famílias que perderam parentes, amigos e até a esperança de um futuro promissor. Porém, diante das tragédias constatadas, é preciso reconhecer a importância do serviço voluntário realizado por daqueles cidadãos que, sensibilizados com o sofrimento alheio, optaram em deixar o conforto de seus lares para auxiliar no trabalho de resgate das vítimas, de procura dos desaparecidos, de reconstrução daquilo que sobrou etc. E tudo sem demonstrarem arrependimento, cansaço ou sequer preocupação com os perigos que envolvem estas atividades.

O serviço voluntário, conforme determina a Lei Federal 9.608/98, é justamente aquele em que um cidadão realiza um trabalho não remunerado, sem nenhum tipo de vínculo empregatício, obrigações trabalhistas ou previdenciárias. O voluntário é aquele que está disposto a cuidar do próximo, demonstrando sua preocupação e afeto. Tratam-se dos anônimos da sociedade motivados por valores de cidadania e solidariedade, que doam seu tempo, trabalho, recursos humanos e/ou materiais e, ainda, talento para uma causa de interesse social. Na maioria dos casos, são os voluntários os responsáveis pelas ideias, pela execução das grandes tarefas ou simplesmente por buscarem conscientizar os demais quanto à necessidade de ajudar ao próximo.

Nos últimos dias pudemos constatar vários exemplos de pessoas que se dedicam ao serviço voluntário em todo o Estado de São Paulo. No município de São Luiz do Paraitinga (Vale do Paraíba), por exemplo, eles se tornaram agentes transformadores do meio e demonstraram diferentes graus de comprometimento. Homens e mulheres que a cada tragédia nos ensinam o verdadeiro significado do empreendedorismo social a partir da desconstrução dos antigos referenciais, do banimento dos preconceitos e da constituição de um novo ciclo.

Por esse motivo, ao tratar sobre este assunto, me sensibilizo com todos os que se dispuseram a praticar o serviço voluntário. Estes compartilharam suas "riquezas naturais" " carinho, atenção, sabedoria, humildade etc. " e não somente as sobras que, muitas vezes, nos passam despercebidas. Afinal, o voluntário que vivencia de forma positiva a atividade de compartilhar o que tem de melhor é capaz de "mergulhar" numa tarefa pelo prazer que esta lhe oferece, pela paixão de estar em uma atividade diferente daquela que ocorria em seu cotidiano. O mesmo ocorre com aqueles profissionais que, mesmo remunerados (Polícia Militar, Polícia Militar Rodoviária, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, DER, Dersa e até o Exército), não medem esforços para ajudar o próximo.

Acredito que a iniciação ao serviço voluntário se compare à difícil arte de compartilhar, formada por uma conduta hígida, inteligente, lógica e construtiva. Aquele que a desenvolve certamente conhece uma nova escala de valores sociais, humanizando cada vez mais as atividades do seu cotidiano. Por isso, agradeço a todos que se sensibilizaram e ofereceram ajuda às campanhas desenvolvidas por entidades partidárias, sindicais, religiosas etc. com a finalidade de oferecer um pouco de esperança aos que praticamente perderam a história de uma vida inteira.



*Edmir Chedid é advogado, deputado estadual pelo Partido dos Democratas e presidente da Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp