Opinião - Oportunidades para todos

É preciso que o governo do Estado concentre esforços na qualificação dos nossos trabalhadores e atenda às reais necessidades dos mercados regionais
05/10/2011 17:02

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Quem me conhece e acompanha a minha trajetória de vida sabe como é difícil a vida de quem tem que trabalhar desde muito cedo e sem formação profissional. A remuneração é baixa e a possibilidade de crescer profissionalmente é mínima. Eu conheço de perto porque vivi essa realidade. O mercado de trabalho está cada vez mais disputado, exigente, e uma boa formação é fundamental, principalmente para os jovens, que buscam o primeiro emprego. E para quem já trabalha, a qualificação profissional é determinante para alcançar uma boa colocação.

É por isso que eu defendo implementação de políticas públicas que invistam na formação e atualização contínua de jovens e adultos. A Frente Parlamentar em Defesa da Qualificação Profissional, lançada no dia 26 de setembro e coordenada por mim, visa justamente fazer um diagnóstico do setor e propor soluções. E uma coisa é fato consumado: mais do que atrair novas indústrias, o Poder Público tem que assumir a responsabilidade de investir na qualificação da mão de obra. Já está claro que é preciso criar um Plano Estadual em busca da melhoria da mão de obra. Afinal, o Estado de São Paulo é líder na produção nacional e precisa encabeçar esse processo de qualificação do trabalhador.

A frente já constatou que os convênios feitos pelo governo paulista com o Centro Paula Souza, com as entidades do chamado sistema S (Senai / Sesc / Senac) e com o próprio governo federal não conseguem atender a demanda de um Estado que emprega em setores diversificados, como indústria, comércio, agricultura e serviços. Afinal, segundo dados da própria Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho, apenas 50 mil pessoas devem passar por curso de qualificação profissional este ano e apenas 0,3% do Orçamento estadual é destinado à secretaria. Números absolutamente insuficientes e, até mesmo, ofensivos para aqueles que estão com dificuldades de encontrar um emprego por não atender às necessidades dos empregadores.

Além de mais recursos, um Plano Estadual de Qualificação Profissional também deve garantir a participação efetiva dos empregadores, para que estes invistam no crescimento profissional trabalhadores, evitando a rotatividade.

Eu acredito que, mais do que nunca, é preciso que o governo do Estado concentre esforços na qualificação dos nossos trabalhadores e atenda às reais necessidades dos mercados regionais. Só assim criaremos chances de emprego, pois a mão de obra estará sendo preparada nas áreas de maior demanda das empresas.

Precisamos da união entre todos os envolvidos para garantir que as vagas criadas no Estado de São Paulo sejam preenchidas por trabalhadores preparados para atender as empresas que aqui se instalam. Daí a necessidade de a qualificação profissional ser vista como estratégica para o desenvolvimento social e econômico. Afinal, o crescimento que assistimos hoje precisa ser acompanhado por ações que garantam melhor qualidade do ensino médio, mais recursos financeiros para a qualificação profissional e uma formação técnica e cidadã.



*Ana do Carmo é deputada estadual pelo PT.

alesp