MAIS QUE UMA SIGLA - OPINIÃO

Milton Flávio*
19/10/2001 10:15

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O ex-governador Mário Covas costumava dizer que, diante de um problema, qualquer que seja ele, só nos resta um caminho: admiti-lo, enfrentá-lo e vencê-lo. A alternativa, evidentemente, é cruzar os braços e dar vazão ao queixume que nada constrói. A integração da América Latina não é um problema a ser enfrentado. Mas, sim, uma solução a ser construída por todos os que acreditam que, cada vez mais, as nações serão interdependentes, quer do ponto de vista econômico, quer sob a ótica sócio-cultural.

Na legislatura passada, quando propus à Assembléia Legislativa de São Paulo a criação do Fórum Parlamentar de Assuntos Latino-Americanos, muita gente, parlamentares inclusive, torceu o nariz, por entender que promover a integração entre os países do nosso continente era tarefa exclusiva dos governos nacionais e que, portanto, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais pouco poderiam contribuir para essa integração. É evidente que muitas das decisões dependem da esfera federal. O que não impede que outras esferas de poder, e as entidades representativas da sociedade, participem ativamente desse processo e contribuam para sua efetivação. Ao contrário. Governos e parlamentos locais, por estarem bem mais próximos da população e conhecerem, portanto, seus problemas, podem e devem dar a sua contribuição.

Com o tempo, as resistências foram vencidas e o Fórum Parlamentar de Assuntos Latino-Americanos, instituído. Paralelamente a esse processo, foi criada em 1999 a União Parlamentar do Mercosul (UPM). À época de sua criação, a UPM congregava representantes de apenas cinco Assembléias Legislativas. Dois anos depois, já conta com a participação de parlamentares de mais de trinta casas legislativas estaduais e provinciais do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. Nesse período, a entidade realizou uma série de encontros com lideranças políticas e empresariais, com representantes de trabalhadores e de universidades, com o objetivo de promover maior intercâmbio econômico e cultural entre os países do bloco.

Ainda há muito por fazer. Mas, em que pesem as dificuldades atuais, ou justamente por conta delas, é preciso buscar soluções conjuntas, caminhos que nos levem ao desenvolvimento econômico e social, que acelerem a integração dos países do continente e do Cone Sul, em especial. Até porque os desafios que estão por vir são ainda maiores que os de hoje. E já se percebeu que não haverá paz se não for revertido o processo de total exclusão a que estão submetidas milhões de pessoas. A UPM, da qual sou presidente recém-eleito, tem o compromisso de contribuir para a construção de um mundo mais justo, igualitário e pacífico. Afinal, a UPM nasceu com o firme propósito de não ser apenas uma sigla.

*Milton Flávio é deputado estadual pelo PSDB, presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Assembléia Legislativa de São Paulo e da União Parlamentar do Mercosul (UPM)

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