Opinião - Semana da arborização voluntária: um imperativo de cidadania


17/06/2009 10:59

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No dia 4 de junho último, a Assembléia Legislativa aprovou um Projeto de Lei de minha autoria, segundo o qual fica instituída, no estado de São Paulo, a "Semana da Arborização Voluntária".

A iniciativa é fruto da crescente preocupação com a situação ambiental nas cidades do Estado. A idéia da Semana parte do princípio de que o cidadão, através de sua própria vontade, pode interferir diretamente no ambiente em que vive.

Quando falamos de meio-ambiente, geralmente nos reportamos a situações de degradação, que ficam fora da atuação do indivíduo, como as queimadas na Amazônia ou o derretimento da Groenlândia, problemas gravíssimos, que, sem dúvida, merecem atenção e mobilização de todo o planeta.

Mas existem situações tão graves quanto essas, colocadas bem diante de nós e que são negligenciadas: o meio-ambiente urbano é uma delas. Em todo estado de São Paulo, e em todo país, os índices de arborização urbana são no mínimo tímidos, e as cidades sofrem com a falta de árvores.

Sem cobertura vegetal suficiente, as cidades de médio e grande porte tendem a tornar-se "ilhas de calor", regiões onde há um significativo aumento da temperatura.

Mas as cidades pequenas, muitas vezes também padecem do mesmo mal, são pouco arborizadas e algumas têm bairros inteiros devastados. O poder público precisa e deve agir, é sua obrigação. Mas o cidadão também pode interferir nesse processo, plantando sua própria árvore em seu quintal, jardim ou mesmo em vasos, no alto do edifício onde moram, criando verdadeiros "telhados verdes", experiência que tem sido bem sucedida em outros países.

Essa é a principal proposta do Projeto de Lei: apostar no voluntariado como meio de ação positiva no meio-ambiente. Plantando sua árvore, o indivíduo participa diretamente do processo de resgate do ambiente em que vive, tornando-se parte ativa e fundamental do mesmo, não um mero expectador. A arborização adequada de uma cidade é primordial para qualidade de vida de seus habitantes, não apenas por regular a temperatura, mas também como instrumento de conforto e beleza urbanos.

Assim, a Semana pretende fazer da arborização urbana um tema permanente, através da realização de eventos que coloquem em foco o tema, tratando desde educação ambiental nas escolas até a promoção do plantio voluntário de árvores.

É importante alertar o cidadão dos riscos aos quais se expõem em cidades mal arborizadas e mostrar que ter uma árvore não significa um ônus, ao contrário, representa um ganho para toda comunidade.

Além disso, municípios inteiros também podem ser voluntários e promover o plantio de mudas em ruas, praças e avenidas onde a arborização é deficitária. O mesmo vale para as empresas que, voluntariamente, podem doar mudas ou plantar árvores até em seu próprio espaço físico.

Sempre há lugar para uma árvore desde que se plante a espécie correta. Árvores mais baixas não perturbam a rede de fiação elétrica enquanto as mais altas podem preencher espaços que a rede não ocupa. Um quintal, um jardim, por menor que seja, pode abrigar uma árvore desde que ela seja adequada para aquele local. Há espécies de todo tipo. O cidadão só precisa de orientação a respeito, o que a Semana também irá promover.

A importância da aprovação do projeto de Lei que institui a Semana é imensa. Significa não só um salto na agenda ambiental, mas traduz a sensibilidade dos deputados em relação ao tema. Representantes do povo, os deputados demonstram o quanto a questão ambiental preocupa o cidadão atualmente, e o quanto esses mesmos cidadãos estão dispostos a agir.

Mais que uma conquista, a "Semana da Arborização Voluntária" é uma verdadeira vitória da cidadania.

*Davi Zaia, é deputado estadual e 2º vice-presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo.

alesp