Os labirintos cerebrais de Fernanda Ameruso devem ser compreendidos como páginas de um diário

Emanuel von Lauenstein Massarani
16/06/2003 18:07

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As pesquisas de Fernanda Ameruso são o resultado de uma sucessão de experiências. Tantas foram essas quanto serão as próximas. A arte no ser humano é uma fita invisível sobre a qual se grava consecutivamente a essencialidade fônica dos fantasmas e das coisas, que por sua vez sugerem ao artista formas as mais estranhas e diversificadas na sua materialização.

A arte é, antes de tudo, um fluido capaz de ativar a consciência daqueles que, por vocação acompanhada de forte personalidade, são chamados a praticá-la. Esse é o caso particular de Fernanda Ameruso.

Em sua pintura encontramos um traço novo a ser conhecido: mítico, místico, misterioso, digno de uma fábula, entrelaçado ao encanto dos temas que cria, cujo resultado é fruto de uma série de pesquisas conquistadas sobretudo através do espírito. A inteligência dessa artista localiza-se entre sua sensibilidade e seu lado espiritual, com uma função mediadora, que podemos notar através do preciosismo de seu desenho.

Sua obra nasce, pois, de uma paciente e meticulosa elaboração perfeccionista, na realidade fruto de uma elucidação intelectual interposta ao fenômeno fantasioso do receber e o fantástico de dar, traduzido através da força do mecanismo executivo. As inquietações espirituais de Fernanda Ameruso constituem a metáfora exterior de uma profunda pesquisa espiritual.

O tríptico Do Negativo ao Positivo e à Cor, realizado em técnica mista sobre papel e doado ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, se constitui, nesse sentido, em verdadeiros labirintos cerebrais - magnificamente desenhados - e devem ser compreendidos como páginas de um diário no qual, dia após dia, viagem após viagem, emoção após emoção, as nossas mutações são anotadas.

A artista

Fernanda Ameruso nasceu em São Paulo, no ano de 1960. É formada em Artes Plásticas pela Escola Panamericana de Arte (1973/1976 ), Desenho de Comunicação no Colégio Técnico Iadê/SP (1980 e 1981); é bacharel em Comunicação Social pela Faculdade Casper Líbero (1983) e fez curso de aperfeiçoamento na Universidade de São Paulo Fupam/FAU-USP (1986).

Recebeu diversos prêmios de aquisição e menções honrosas no decorrer desses anos. Participou de inúmeras exposições, destacando-se, entre elas: 1ª Mostra de Artes na SEPS (1985); Concursos Retratos da Cidade (1986); Galeria Mali Villas Boas "Trópicos Brasil e Mãe Mulher Guerreira"; Centro Cultural de Santa Catarina, Arte Contemporânea; 3º Salão de Pintura Figurativa Bunkyo (2003).

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