UNESP - VITÓRIA DE TODOS - OPINIÃO

Hamilton Pereira*
22/03/2002 14:12

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O envolvimento da sociedade civil em torno das discussões relativas à instalação do campus da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), na região, é uma boa mostra da maturidade política dos setores organizados locais. Sentindo que havia um impasse quanto à implantação do novo campus na Fazenda Nacional de Ipanema (Flona), em Iperó, a entrada em cena da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba levou outros setores a também participar do processo. Vinte outras entidades, entre sindicatos e associações de moradores, igualmente exigiram o direito de serem ouvidas sobre o assunto.

Os engenheiros e arquitetos publicaram edital na imprensa conclamando a sociedade civil a apoiar a instalação do campus na região. Houve retorno imediato pois, como disse acima, vinte entidades atenderam ao apelo. Estas, por sua vez, divulgaram nota pedindo, entre outros objetivos, que "o processo não ficasse restrito apenas às lideranças político-partidárias" e que "a Prefeitura de Sorocaba tivesse uma postura mais incisiva" e "apontasse locais possíveis de instalar o novo campus, para que o vestibular pudesse ser realizado ainda no primeiro semestre deste ano".

O sentimento que moveu essa gama de entidades foi um só: ninguém queria perder a oportunidade histórica de ver instalado um campus de uma universidade pública que atendesse nossas vocações regionais. Da mesma forma, é louvável a iniciativa de numerosos vereadores e prefeituras da região, dispostos a sugerir áreas em seus respectivos municípios para a instalação do futuro campus ou de parte dos cursos a serem disponibilizados à população.

As municipalidades, é bom frisar, estiveram unidas na luta pela universidade pública. Em agosto de 2001, as 21 prefeituras da região assinaram documento para criar um consórcio intermunicipal para viabilizar o campus. As câmaras de vereadores, por sua vez, reunidas no Parlamento Regional, compareceram na Assembléia Legislativa, onde sensibilizaram o presidente da Casa e líderes partidários, para que dessem aval à idéia da universidade na forma da aprovação dos recursos necessários a sua instalação no Orçamento deste ano. São exemplos de grandeza dos setores organizados e dos agentes políticos regionais em torno de uma antigo sonho, de três décadas, agora prestes a se tornar realidade.

Outra postura louvável foi a da reitoria da Unesp. Ela assumiu publicamente o compromisso de instalar o campus na região, desde que fosse indicada a fonte de recursos para tal finalidade. Como teve garantidos os recursos no Orçamento do Estado deste ano, o Conselho Universitário aprovou, no final de fevereiro último, a criação de sete novos campus no Estado, dois dos quais na região de Sorocaba: um na Flona, em Iperó, e outro no município de Itapeva. Sorocaba também foi contemplada, pois sediará um dos cursos do campus de Iperó - o de Mecatrônica.

No dia quatro de março último, outra notícia alvissareira. A reitoria da Universidade decidiu que o primeiro dos sete novos campus aprovados pelo Conselho Universitário será o de Iperó, de acordo com estudo sobre a viabilidade dos cursos. Esta é uma garantia de que o primeiro vestibular do novo campus será realizado ainda este ano. Ou seja: parcela de nossos jovens poderá realizar cursos de nível superior públicos sem ter de se deslocar para cidades distantes de suas residências, evitando assim gastos maiores com transporte, alimentação e estadia.

Outra atitude coerente veio da parte dos parlamentares estaduais e federais eleitos pela região. Como personalidades públicas, nossos objetivos devem ser comuns, sempre em benefício daqueles que representamos, deixando de lado os interesses pessoais. Foi isso o que aconteceu quando havia uma disputa, no bom sentido, entre a Unesp e a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) pela instalação do campus. Para viabilizar o campus, houve então uma união em torno da proposta da Unesp.

Como autor da subemenda ao Orçamento do Estado de 2002 que garantiu os R$ 8 milhões para o novo campus e subscrita pelos demais deputados estaduais da região, longe de mim querer assumir a paternidade pela vitória. Até porque esse tipo de postura seria uma falta de respeito àqueles que, de uma forma ou outra, vêm batalhando por um campus de uma universidade pública na região há pelo menos três décadas. Neste caso funcionou a lógica salutar de que a política é feita para melhorar a qualidade de vida da população. Portanto, a conquista é de todos, como fiz questão de frisar neste artigo, e o benefício é igualmente de todos.

*Hamilton Pereira é deputado estadual (PT - Sorocaba) e 1º secretário da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa.

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