Opinião - Pirataria: uma arma letal


11/01/2010 17:45

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Segundo dados alarmantes fornecidos pela Interpol, veiculados no site do Ministério da Justiça (3/12/2008), a pirataria, na atualidade, passou a ser economicamente mais rentável que o próprio narcotráfico, pois movimentaria US$ 600 bilhões/ano em todo o mundo, enquanto que este último seria responsável pela circulação de US$ 360 bilhões. Não é só. De acordo com informações do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal, a pirataria geraria perda anual de R$ 300 bilhões em impostos e, conforme estudos da Unicamp, a falsificação de produtos seria responsável pela eliminação de dois milhões de postos de trabalho.

Essa nefasta forma de criminalidade possui, além disso, ampla conexão com organizações criminosas que atuam no ramo do tráfico de drogas e armas, de forma que, enquanto a sociedade não se conscientizar de que ela própria financia, com a aquisição de produtos piratas, a munição que será, no futuro, utilizada contra ela - as drogas que destruirão seus lares, o desemprego de que será vítima por força da concorrência desleal exercida por tais produtos ilícitos, a desestrutura das escolas e dos postos de saúde pela diminuição na arrecadação de impostos -, não haverá a expectativa de um novo panorama a ser descortinado.

Os cidadãos ainda não se deram conta de que o produto pirata constitui uma arma letal, pois ao adquiri-lo alimentam as máfias internacionais para que no futuro droguem e matem seus filhos. É um grave círculo vicioso que só a sociedade conscientizada e informada poderá romper.



*Fernando Capez é procurador de Justiça licenciado, deputado estadual e presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. É mestre em Direito pela USP e doutor pela PUC/SP. www.fernandocapez.com.br/ twitter.com/fernandocapez/fcapez@terra.com.br

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