Opinião - Saldo negativo nos seis meses do governo Alckmin


14/07/2011 10:34

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Quando alguém fala "não sei por onde começar" o interlocutor costuma brincar: "comece do começo, oras". E é sobre o "começo" do governo Geraldo Alckmin à frente do Executivo estadual que pretendo fazer uma avaliação.

Mas ao citar o governo do PSDB em São Paulo falamos de seis meses de trabalho? Decerto que não. Alckmin iniciou um novo mandato em 2011, porém ele e o seu partido vêm governando o Estado há 16 anos. Portanto, muitos dos problemas são velhos conhecidos do tucanato, assim como as promessas de soluções.

Avaliando esses seis primeiros meses da nova administração de Alckmin concluo que o saldo é negativo. E exemplos não faltam para embasar essa análise. Vamos a eles.

Na área de educação, o governo anunciou que o reajuste aos professores seria de 42%. Desse índice temos que deduzir 5% do abono salarial que ele incorpora. O restante será dividido em quatro anos e considerando a inflação que o próprio governo do Estado projetou o reajuste cai para 13%, ou seja, um terço das perdas ocorridas durante o Governo do PSDB imposto aos professores nos últimos anos. Nesse mesmo projeto o governador simplesmente ignorou reajuste aos funcionários e professores de Fatec (Faculdade de Tecnologia), além de "se esquecer" que a data-base é março, e não julho, como ele propôs. Nós, parlamentares da oposição, com muito custo, conseguimos trazer para junho, visando causar menor perda.

Na saúde, destaca-se a falta de planejamento regional. Pude constatar isso quando, junto com a Frente Parlamentar do Vale do Paraíba, visitei alguns hospitais da região. No Vale, alguns hospitais reclamam que têm capacidade de atendimento, mas não podem atender porque o Estado não os credenciou ao SUS, e os pacientes são transferidos para outras cidades.

Em relação à segurança, as manchetes dos jornais ilustram bem a situação do setor- o número de mortes violentas tem registrado altos índices. Em junho, pela estatística divulgada pela própria Secretaria de Segurança Pública, o Vale do Paraíba foi a região mais violenta do interior do Estado, registrando o dobro de homicídios em comparação com o mesmo período de 2010.

Em relação a transporte, Alckmin disse que iria rever as concessões e tarifas de pedágio das rodovias do Estado. No entanto, ao assumir o novo mandato logo concedeu o aumento do tributo. Outro exemplo de problemas que se arrastam sem que haja ações concretas em busca de soluções é a rodovia dos Tamoios, que liga o Vale do Paraíba ao Litoral Norte. Mais uma vez o governo diz que vai duplicá-la, mas anunciar como nova uma obra prometida pelo próprio Alckmin em 2002 é contar com a falta de memória da população.

Na área de saneamento, é triste ver um governo que está aí há 16 anos deixar que cidades do Litoral Norte sofram com a falta de água encanada. Além disso, apenas 30% do esgoto produzido na região são coletados.

A gente espera que nesses 3,5 anos que restam pra acabar esse governo que ele possa tentar recuperar o tempo perdido. Não é justo que a população de São Paulo sofra ainda mais com os desmandos, o desgoverno do PSDB. Que o povo possa ter retorno da confiança depositada nas urnas e também dos altos impostos e pedágios que paga no Estado.



*Marco Aurélio é deputado pelo PT

alesp