A explosão policromática de Ashtar de Assis obriga à reflexão

Emanuel von Lauenstein Massarani
19/12/2002 14:05

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Em vez de distinguir um objeto sobre uma tela devemos observar sua forma e sua cor. São elas que provocam nossa sensibilidade, pronta a captar a mensagem da pintura. E a realidade de um quadro é sua musicalidade.

Sem ser entretanto uma abstrata, encontramos nas obras de Ashtar de Assis uma figuração, que não é aquela a que estamos habituados. Não é o título de suas telas que ajudará necessariamente a entendê-las, pois elas são "batizadas" tão-somente para reconhecê-las e não para explicá-las.

O universo de cada uma de suas obras forma-se pouco a pouco, como conseqüência de uma cuidadosa pesquisa. Ashtar de Assis elabora demoradamente sobre sua telas até alcançar uma coerência e uma autonomia plástica satisfatória. O gosto pelo desenho enérgico e a composição contrastante caracterizam sua obra. Fascinada pela explosão colorida é a invenção plástica que a apaixona. É ela que obriga à reflexão.

De uma luminosidade intrínseca, formas e signos cinzelados no fio de uma matéria reativa se combinam entre si segundo as únicas necessidades ópticas da composição, naturalmente, sem intenção figurativa nem redução abstrata.

As imagens que dali surgem, aparecem a nossa frente como fabulosos objetos plásticos, válidos em si mesmos e dotados de uma força alusiva onde a própria artista é o primeiro espectador estupefato. Assim é "Introspecção", obra de Ashtar de Assis doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa.

A Artista

Ashtar de Assis nasceu em Uberaba (MG), em 1922. Transferiu-se para São Paulo, onde completou seus estudos. Em 1945, recebeu o diploma de bacharel em Ciências Políticas e Sociais, pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Dois anos mais tarde, passou a exercer as funções de assistente de etnologia e de conservador de museu, junto à Seção de Etnologia e Arqueologia do Museu Paulista, onde permaneceu até 1955, trabalhando também na redação da Revista do Museu Paulista.

Durante o ano de 1956, dirigiu a revista Ciência e Progresso. Em 1959, passou a estudar pintura e desenho com o pintor Nelson Nóbrega e, em 1962, cursou as classes do mesmo professor na FAAP. No ano de 1985, concluiu o curso superior da Universidade de Nancy na Aliança Francesa, São Paulo.

Participou das seguintes exposições: Fundação Armando Álvares Penteado (1962); Salão dos Novos - Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura de São Paulo - 2º Prêmio de pintura (1966);

Chelsea Art Gallery em São Paulo, Campinas, Santos e Guarujá (1968 e 1969); 4º Salão de Arte Contemporânea de Santo André (1971); 7º Salão de Arte Contemporânea de Santo André (1974); Salão de Arte Contemporânea do Ano Internacional da Paz, na Secretaria do Estado do Interior, São Paulo (1986); Espaço Cultural Chap Chap (1988); Casa de Leilões e participação nas subseqüentes (1988 e 1989); Espaço Cultural Chap Chap, constando do acervo da Empresa (1989); Casa Kanaan de Leilões e participação nos Leilões respectivos (1989 a 1991); Galeria Espace Art da Aliança Francesa Centro (1993); Casa da Cultura: Viva arte viva; Galeria du Port 1ª Exposition D' Art Pluri artistas: Recreio Shopping, Rio de Janeiro (2000); Espaço Cultural do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (2002).

Recebeu menções em publicações especializadas, como: Guia das Artes Plásticas nº 7; Guia Internacional das Artes, 1982, p. 121; Artes Plásticas Brasil, v.4, 1990 e v.13, 1991, edição da Inter/arte e revista Le P'tit Bleu para a Aliança Francesa de São Paulo, Centro.

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