A pintura de Mirian de Los Angeles: uma mensagem de liberdade, de viver e de pensar

Emanuel von Lauenstein Massarani
16/12/2002 14:37

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A pintura de Mirian de Los Angeles se insere na linha do abstracionismo internacional, ainda vivo nos artistas que desejam permanecer no campo da pintura e não naquele ambíguo da tecnologia. Envolvida num mundo de imagens espaciais, a sua pesquisa vem se desenvolvendo, paralelamente, dentro do espaço interior e, em termos "perceptíveis", com o espaço fenomenológico de sua visão.

Trata-se de uma espécie de dicotomia metafísica, da qual uma parte se fixa a penetrar na essência das coisas, transfigurando ou anulando o "dado natural". Outra, menos destruída pelo desejo se limita tão-somente a observar as coisas e a colocá-las em relação direta com a razão.

A artista parece ter captado instintivamente os dois chamamentos metafísicos no fundo de sua consciência autocrítica, tanto que de uma parte motiva as razões de ordem, de clareza e de evidência cartesiana; e de outra, não deixa de lado as suas "intervenções" irracionais, que a conduzem mais confortavelmente a dilatar o seu discurso em direções polivalentes.

Conseguindo uma maior depuração dos elementos da composição, sua obra ganha em vibração e profundidade, tornando-se decisivamente abstrata, independente, qual a reverberação de uma alma sem amarras.

A artista dá muita importância à cor. Osmar Pinheiro, seu orientador, afirma que: "Mirian desenvolve uma pesquisa em pintura a partir de variações tonais. São pequenos gestos contidos que se organizam numa lógica onde o fundamento é a cor. O resultado aponta para uma rigorosa disciplina formal, aliada a uma delicada e sensível ordem poética".

Na sua extrema simplificação dialética, a pintura de Mirian de Los Angeles é percorrida de instantes sensíveis e de luzes sutis, contrastando com cores explosivas e muitas vezes se prestando a interpretações emblemáticas e oníricas. Passando da imagem simplesmente "percebida" à imagem "sentida", demonstra possuir uma clara abertura mental.

"Manchas e Cores I", obra integrada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, demonstra sua bem articulada capacidade criativa e nos transmite uma transparente mensagem de liberdade, de viver e de pensar.

A Artista

Mirian de los Angeles Alfonso-Franco nasceu em 1960. Trabalhou 20 anos com Comunicação na área de marketing de empresas de grande porte, nacionais e multinacionais, sendo três destes anos em Madri. A partir de julho de 2001, dedicação exclusiva à pintura.

Possui a seguinte bagagem acadêmica:

· Superior em Desenho Industrial

Fundação Armando Álvares Penteado / FAAP

1978 - 1981

· Extensão Universitária em Administração de Marketing

Fundação Getúlio Vargas - FGV 1987

· Estágio no Departamento de Propaganda da empresa SULZER

Winterthur ( Suíça)

1988

· Marketing Master en Dirección de Marketing - Madri (Espanha)

1991· Diseño de Moda

Centro Madrileño de Estilo y Moda - Madri (Espanha)

1993 · Aluna do artista plástico Osmar Pinheiro desde janeiro de 2002.

alesp