Crime organizado é debatido em seminário


11/03/2002 20:23

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DA REDAÇÃO

O tema Crime Organizado fez parte do seminário Projeto de Segurança Pública para o Estado de São Paulo, realizado nesta segunda-feira, 11/3, no auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa. Sobre o assunto falaram Marcelo Mendroni, promotor público do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público, e o prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, presidente do Fórum Paulista de Segurança Pública - entidade que congrega os prefeitos da Grande São Paulo -, sob a coordenação do delegado de Polícia, Maximino Fernandes Filho, coordenador de Defesa Social de Diadema.

"O combate ao crime organizado é uma prioridade incontestável, pois ele tem papel preponderante na onda de violência que se tem visto e o tráfico de drogas é hoje o principal indutor dos crimes", afirmou Pietá, que foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado da Assembléia Legislativa. O prefeito fez uma análise do aumento do uso de armas nos crimes, lembrando que até pouco tempo atrás o numero de furto de veículos era muito maior que o de roubo, que implica no uso de arma. Hoje, segundo ele, há empate nos números dos dois delitos. "Antes os criminosos usavam muito mais a astúcia, hoje as armas", disse ele.

Mudança estrutural

A tendência do crime organizado, segundo o prefeito, é ter organizações cada vez mais amplas e mais poderosas, que confrontam, ao estilo da guerrilha, os agentes do Estado, especialmente as polícias. Para combatê-lo, Pietá defende a mudança na estrutura das polícias, que tem 30 anos e data da época da ditadura, e que teve lentos avanços na integração das polícias, na inteligência e na investigação.

Pietá defende também a meta de impunidade zero aos crimes violentos cometidos por quadrilhas. Ele lembrou que o grupo ao qual se atribui o seqüestro e posterior assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, havia cometido o mesmo crime há alguns meses, contra uma pessoa que não conseguiu o dinheiro do resgate. "Cada crime impune leva sempre a um outro crime que será cometido pela mesma quadrilha. O esforço utilizado no caso Celso Daniel deve ser um modelo a ser empreendido em todos os outros", disse.

O prefeito defende a pluralidade de polícias, com a formação de forças-tarefas quando necessário e a integração entre as polícias. Para ele, a unificação é algo que conduz a um debate acadêmico e não leva a resultados práticos e rápidos como os que se fazem necessários neste momento.

Objetivos estratégicos

Pietá ressaltou que a unificação das polícias é matéria a ser debatida e votada no Congresso Nacional, não sendo possível ser implantada no âmbito estadual apenas. "Temos de dar respostas à sociedade e o PT tem condições de dar essas respostas. Considero que nossos objetivos estratégicos são diminuir a violência e suas causas, com apoio da sociedade, dentro dos princípios éticos. A forma das polícias não é um elemento essencial dessa estratégia", disse o prefeito de Guarulhos, citando exemplos de países que obtêm resultados razoáveis com duas ou mais polícias e com uma única polícia.

Elói Pietá encerrou sua participação afirmando que o debate não deve se pautar na unificação ou não das polícias e que o projeto de segurança pública deve fazer parte do programa de governo do PT e de seus aliados para as próximas eleições.

Ainda na tarde desta segunda-feira serão debatidos os temas Estrutura das Polícias e Tecnologia Policial no Combate ao Crime.

alesp