Opinião - Lixo: em busca da solução!


10/06/2011 18:45

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Estamos na contramão do que deveríamos adotar, sem titubear, como ecologicamente correto para o destino final do lixo. Infelizmente a ganância humana sairá caro para esta e as futuras gerações, em decorrência dos impactos ambientais causados pelas mazelas do homem.

Sou contra o destino do lixo in natura, sem condições para o reúso e a reciclagem (que por sinal é baixa no país), uma vez que menos de 10% dos municípios brasileiros realizam coleta seletiva e reciclagem.

Mogi das Cruzes recicla o seu lixo, mas não é o suficiente. Temos que lutar para impedir a instalação de aterros sanitários, ainda mais em uma região como a nossa, conhecida como cinturão verde, pelas plantações de hortifrutis que abastecem 15% do Estado e, ainda, fornece água potável para 15% da Grande São Paulo.

A área em análise para receber o empreendimento, no distrito do Taboão, fica próxima a dois córregos, Maria Rosa e Taboão, ao lado do rio Parateí e do rio Paraíba do Sul. É uma zona industrial que pode gerar entre 40 e 50 mil empregos. Ali temos os maiores produtores de orquídeas e de flores do Estado. Pergunto: querem colocar o aterro ao lado desses trabalhadores que vivem e produzem em Mogi das Cruzes para o Estado de São Paulo e Brasil e contaminar o nosso rico solo com a degradação da matéria orgânica que produz biogás e chorume por 10, 20 anos?

A Queiroz Galvão que pleiteia a exploração do aterro não tem planos de reciclagem. A metodologia arcaica que a empresa pretende utilizar consiste simplesmente em enterrar o lixo in natura, sem separar absolutamente nada: lixo úmido, ferro, madeira, lata, enfim tudo com um único propósito: aumentar ainda mais o seu faturamento.

Temos que pensar em métodos para transformar o lixo em energia e dar destino diferente para cada resíduo que o constitui. O lixo tóxico, por exemplo, deve ir para aterros especiais ou centros de triagem específicos para que os resíduos possam ser reciclados ou reutilizados.

O orgânico deve ser encaminhado para usinas de compostagem, onde serão misturados com terra e esterco e submetidos à ação de fungos e bactérias, para serem transformados em adubo orgânico, também chamado de húmus, rico em nutrientes.

Temos que formar uma única frente, envolvendo toda a sociedade. Temos que ser taxativos, contrários à implantação desse aterro. Temos que vencer ao grupo que quer acabar com os nossos agricultores, nossas oportunidades de empregos, nossos mananciais e nosso rico solo que fornece água e alimentos para boa parte do nosso Estado.



*Luiz Carlos Gondim é deputado estadual e coordenador da Frente Parlamentar contra a Implantação do Aterro em Mogi das Cruzes.

alesp