Inversão de prioridades

Opinião
28/05/2008 21:25

Compartilhar:


Foi publicada pela imprensa sorocabana, na semana passada, uma matéria sobre a inauguração da nova unidade do Sesc em Sorocaba. Uma informação semelhante já havia sido publicada, no último número da revista Provocare. Ambas as publicações mostram fotos e as dimensões da nova unidade e também divulgam o valor que será investido nesta obra: R$ 30 milhões.

Para a população ter idéia desses valores, basta dizer que para a instalação da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) em Sorocaba, foi gasto até agora cerca de R$ 15 milhões. Este gasto mostra a total falta de bom senso e de compromisso com a população que mora na periferia de Sorocaba, pois além do gasto absurdo, a referida obra será construída em um dos bairros mais ricos de Sorocaba, região que não tem nenhuma necessidade desse tipo de investimento, pois a população que mora em seu entorno tem os recursos financeiros suficientes para resolver suas necessidades culturais via mercado.

Por que, em vez dessa obra faraônica, não são construídas mais unidades nos diversos bairros de Sorocaba, atendendo dessa maneira, a grande maioria da população que não tem condições financeiras para poder desfrutar de uma cultura de melhor qualidade? Isso demonstra a total inversão de prioridades existente em nossa cidade: os maiores investimentos são realizados nos bairro da burguesia e da classe média alta, e na periferia "o que dá para fazer", o "resto", pois onde já se viu fazer um investimento desses para os mais pobres?

Segundo o conceito vigente nos setores mais ricos, isso seria "jogar pérolas aos porcos". Nos bairros da periferia são construídas "pistas de caminhadas" desprovidas de maiores investimentos em infra-estrutura e nenhum investimento em profissionais habilitados para atender a população.

Em nosso bairro, localizado na zona oeste da cidade de Sorocaba, é isso que acontece. A "pista de caminhada" não tem nenhuma segurança, sendo que já aconteceram muitos casos de violência e estupros no local. E a prefeitura não coloca guardas municipais para garantir a segurança. E, apesar de ser uma das regiões que mais cresce, juntamente com a zona norte, nós não temos nenhuma escola técnica profissionalizante, o que ajudaria em muitos os nossos jovens. E bastaria um pouco mais de bom senso e visão menos mesquinha, destinando uma parte desse gasto faraônico de R$ 30 milhões para a construção de escolas técnicas na zona oeste e na zona norte de Sorocaba. O Sistema S age de maneira a inviabilizar o atendimento aos trabalhadores, pois também cobra preços absurdos nas mensalidades da maioria das suas unidades de educação.



*Hamilton Pereira é deputado estadual pelo PT

alesp