Opinião - Os desafios na luta contra o câncer de mama


26/11/2010 19:35

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A Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa de São Paulo recebeu, na último dia 16, a médica Adriana Bacci, gerente do programa de Câncer de Mama Brasil da American Câncer Society (ACS). Durante o evento, ela nos apresentou os resultados do 1º Fórum Intersetorial de Controle de Câncer de Mama, realizado no início do ano, em São Paulo. Também tivemos a oportunidade de debater sobre as políticas públicas que precisam ser implementadas para o diagnóstico precoce e para o tratamento desta doença que mais mata mulheres no país, mas que, ao mesmo tempo, é a que tem mais fácil prevenção.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) em 2010 devem ser contabilizados 49 mil novos casos de câncer de mama, sendo 15 mil apenas no Estado de São Paulo que, apesar de contar com boa infraestrutura e políticas específicas, há ainda barreiras a superar.

Um dos problemas levantados é o fato de que o Estado de São Paulo assume o ônus do tratamento de pacientes de outros Estados ou até de países vizinhos, numa proporção de 60% dos casos. Para isso, obviamente, seria necessário um mecanismo de ressarcimento dos custos por parte dos entes federados beneficiados e do próprio governo federal. Uma das soluções seria regulamentar a Emenda Constitucional 29/2000, que assegura recursos mínimos para o financiamento de ações e serviços públicos de saúde, inclusive poderia ser criada uma remuneração específica na tabela do SUS para os casos de câncer de mama.

Atualmente, na rede pública, mesmo com os resultados de mamografia alterados, infelizmente o início do tratamento da doença pode levar até 180 dias, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Com isso, um tumor na mama pode até dobrar de tamanho em 90 dias, o que transforma a longa espera em uma "sentença de morte" para muitas pacientes. Daí a necessidade das mulheres com mais de 40 anos realizarem o diagnóstico precoce, a partir da mamografia, exame considerado essencial para o tratamento, garantindo a intervenção no estágio inicial da doença e maior possibilidade de cura. Na busca do acesso rápido, eficaz e precoce do câncer de mama, sugiro, inclusive a disponibilização de mamógrafos móveis e itinerantes para atender a cidades menores.

Outros problemas a serem enfrentados e solucionados são a garantia da qualidade da mamografia e a capacitação dos agentes de saúde. Em razão dos baixos salários, faltam técnicos e médicos capacitados para utilizar adequadamente os mamógrafos e outros equipamentos e, diante desta realidade, são frequentes resultados equivocados, chamados de "falsos negativos ou falsos positivos", o que pode ser desastroso para a rede pública de saúde e, principalmente, para as pacientes.

Portanto, os problemas são reais e os desafios urgentes para serem enfrentados por toda sociedade, visando garantir cada vez mais o acesso rápido e seguro do diagnóstico precoce desta grave doença que ainda ceifa muitas vidas humanas. Vamos à luta !



*Pedro Tobias é médico mastologista, deputado estadual e membro efetivo da Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa.

"Doença que mais mata mulheres no país, mas que, ao mesmo tempo, é a que tem mais fácil prevenção"

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