Opinião - Saresp: Confissão de Falência


11/03/2010 17:48

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A divulgação de mais um resultado do Saresp, exame de Português e Matemática ao qual são submetidos os alunos das quartas e oitavas séries do ensino fundamental e os do terceiro ano do ensino médio, confirma a ladeira abaixo do ensino público estadual sob a direção tucana. Segundo análise dos dados feita pela Folha de S. Paulo, o desempenho dos estudantes concluintes do ensino médio fica abaixo do esperado para os da oitava série do fundamental.

No ano passado, os mesmos resultados mostravam, em síntese, que, ao final de onze anos de estudo, os estudantes saem do ensino médio sabendo pouco ou quase nada.

Houve uma pequena " quase imperceptível " melhora, este ano, em relação ao ano passado. Na quarta série, a nota subiu de 180 para 190,4 em português. A nota máxima é 500. Apesar da evolução, o nível está abaixo do ideal (200 pontos), segundo escala desenvolvida pelo movimento Todos pela Educação (que reúne pesquisadores de todo o país, alguns ligados à Secretaria da Educação). No último ano do ensino médio, a nota de português ficou estável e a de matemática recuou de 273,8 para 269,4.

A Secretaria Estadual de Educação, indiretamente, diz que o problema é a universalização do acesso ao ensino. Em um de seus releases, afirma que "a única queda de rendimento do Saresp 2009 ocorreu em Matemática na terceira série do Ensino Médio, que mostrou um recuo de 4,4 pontos. Há algumas explicações para esse recuo. São Paulo é o estado em que a universalização do Ensino Médio mais avançou em todo o Brasil. Nada menos do que 86% dos jovens de 15 a 17 anos estão na escola, e 69% estão na série adequada à sua idade. A ampliação do acesso sempre promove, num primeiro momento, queda na média das avaliações".

Acontece que são 16 anos de governos tucanos em São Paulo. Portanto, os adolescentes que se encontram, agora, concluindo o ensino médio, são alunos que estudaram toda sua vida sob a direção do PSDB na Secretaria de Educação. É a confissão da falência.

O débito com a dívida social é brutal. O futuro destes jovens fica seriamente comprometido: conhecimentos básicos para o ingresso no mercado de trabalho, ainda que em empregos menos sofisticados e de baixos salários, não são garantidos. Do mesmo modo, a parcela minoritária que conseguir dar prosseguimento aos estudos e ingressar no curso superior encontrará fortes obstáculos, uma vez que se encontra despreparada para acompanhar tarefas e leituras mais complexas. A tendência a desistir é grande.

Houve ainda maquiagem estatística, segundo a Folha. Um novo critério infla o percentual de alunos considerados suficientes, pois a Secretaria da Educação alterou a tabulação dos dados do Saresp, aumentando o número de estudantes no estágio considerado por ela satisfatório. Até o ano passado, as notas eram agrupadas em quatro níveis: abaixo do básico, básico, adequado e avançado. Só eram considerados satisfatórios os dois patamares mais altos (adequado e avançado). Agora, a pasta decidiu somar ao nível adequado os alunos que estão no básico, dando o nome para o grupo de "suficiente".



*Hamilton Pereira é deputado estadual pelo PT

alesp