Pesquisa revela que 72% dos jovens estão fora da escola

Números mostram a realidade no Estado de São Paulo
31/10/2001 15:19

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DA ASSESSORIA

Pesquisa realizada pela Fundação Seade abrangendo os anos de 1994/1998 revelou que 72% do total dos jovens na faixa etária de 18 a 24 anos estão fora da escola. O indicador para todo o Brasil era de 70,6%. E o motivo é simples: baixa renda familiar. A pesquisa, divulgada na Assembléia Legislativa pelo deputado Donisete Braga (PT), demonstrou que 47% dos jovens deixaram a escola para trabalhar, ou alegaram dificuldades financeiras como justificativa principal.

Em 226 municípios localizados sobretudo no Vale do Ribeira, na Serra do Mar ao longo do Litoral Norte, no eixo da rodovia Fernão Dias e no Norte do Estado os índices mostram que mais de 80% de jovens estão fora da escola na faixa de 18 a 24 anos.

As universidade públicas federais e estaduais absorvem uma minoria de jovens de baixa renda. Nas federais, por exemplo, os jovens provenientes de famílias com renda na faixa de R$ 454,00 representam apenas 9,7% do total de seus estudantes, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

Ainda conforme o Inep, no Estado de São Paulo, em 1999, foram matriculados no ensino superior um total de 740.994 alunos, sendo 64,4% nos cursos noturnos. Deste total, 6.754 foram matriculados nas Universidades Federais e 79.499 nas Estaduais, o restante, 619.579 nas faculdades privadas. O setor privado prossegue mantendo sua posição majoritária no conjunto das matrículas. Este seguimento cresceu 36,3% entre 1996 e 1999, sendo 16,9% em 1999.

Embora abundante, o setor privado cobra mensalidades altas para a realidade brasileira. Cursos como Psicologia na Universidade São Judas Tadeu custam R$ 597,20 por mês; Direito na Unip, R$ 626,46 ; Letras na PUC - R$ 636,00 e Administração de Empresas - R$ 641,00; Ciência da Computação na FMU - R$ 660,00 e Enfermagem - R$ 608,00; outros, como Odontologia e Medicina, tornam-se ainda mais proibitivos por exigirem tempo integral. Medicina na UNISA, por exemplo, custa mensalmente R$ 1.895,00.

Preços altos

Os altos preços expulsam os jovens de baixa renda das universidades privadas, pois muitos são arrimo de família e o salário médio, quando conquistam um emprego, no competitivo e fechado mercado de trabalho, gira em torno de R$ 400,00 a R$ 600,00 mensais. " As universidade Públicas, para estes jovens, são como a miragem de um oásis no deserto", resume o deputado Donisete Braga, acrescentando que o Programa de financiamento estudantil do governo federal atende uma minoria de 114 mil inscritos em todo o Brasil neste semestre, só 30 mil alunos serão beneficiados. "Uma verdadeira loteria", finaliza o deputado .

Para o parlamentar, o projeto "Jovem Universitário - Educação com Trabalho", aprovado pela Assembléia Legislativa de São Paulo, representa uma alternativa absolutamente viável para a democratização do ensino superior no Estado de São Paulo, já que prevê a parceria governo - empresas visando criar estágios remunerados para que os jovens tenham acesso à universidade privada. "O mundo do trabalho, com a globalização, está exigindo dos trabalhadores qualificação e atualização permanentes. Daí a importância de se adotarem políticas públicas exclusivas para os jovens na faixa de 14 a 24 anos, ainda mais considerando que a maioria da população carcerária é de jovens nesta faixa etária", afirma Donisete.

alesp