Tenho criticado o verdadeiro abuso das chamadas "pegadinhas" da TV, queacabam expondo pessoas ao ridículo, com brincadeiras de péssimo gosto. Nabriga pela audiência da televisão, comunicadores de alto salário e debaixa categoria, transformaram gente do povo em artistas. Porém, são"artistas" submetidos a situações vexatórias diante das câmeras, em trocade um pouco de dinheiro ou do simples desejo de aparecer na televisão. As"pegadinhas" constituem um desrespeito, uma enorme tortura.Alguns chegam a promover o "teste de fidelidade", em queestimulam casais à traição na vida conjugal e expõe situações íntimas. Jáoutros agem de modo parecido e já houve até problemas com a polícia emcasos mais chocantes. Como deputado estadual de São Paulo, já exigiprovidências das autoridades para acabar com esse tipo de atração dosprogramas de TV.No Rio de Janeiro, as "pegadinhas" já estão proibidaspor uma lei aprovada por unanimidade. O projeto é do deputado André Luizdo PMDB, que se inspirou numa cena gravada há dois anos na Praça XV.Naquela praça, no Centro do Rio, perto do ponto de partida das barcaspara Niterói, um desempregado, sem dinheiro, foi filmado ao comprar umcachorro-quente por apenas um real e descobrir que em seu sanduíche haviauma barata: tudo registrado pelas câmeras de TV e apresentado numa tardede domingo. Agora, no Rio, de acordo com a lei, fica proibido àsemissoras de televisão o uso de pessoas para participar dessas patifariasem que determinadas pessoas, geralmente simples, são expostas aoridículo. Mas eu pergunto: o que fez o governo federal para acabar comesse problema no País?A resposta não é muito animadora. O ministro da Justiça, JoséGregori, o mais confuso dos ministros nos quase sete anos do governoFernando Henrique Cardoso, está deixando o cargo para ser embaixador doBrasil em Portugal. Lá vai ele para Lisboa, com todas as suas trapalhadase com seus discursos de direitos humanos, deixando por aqui apenaspromessas não-cumpridas. Entre sonhos não-realizados, está o PlanoNacional de Segurança Pública, anunciado com pompa em 2000 e até agorasem decolar. Gregori ficou no cargo de ministro por mais de um ano e nãoconseguiu levar adiante uma providência que já vinha anunciando em seustempos de secretário nacional de Direitos Humanos: a luta para acabar naTV com as cenas de violência, de exposição de sexo e de degradação.As "pegadinhas" estão, sem dúvida, entre as características dolado mau da TV brasileira. Gregori nada fez para bani-las dos programas.Ao contrário: ao ser convidado para participar de programas populares,ele não vacilava em aparecer. Da mesma forma, tentou palpitar em assuntosque não diziam respeito à sua pasta, como a luta de deputados e senadorespara moralizar o futebol por meio de CPIs em Brasília.De prático, Gregori nada vez. Seu retrato passa a ocupar agaleria dos péssimos ex-ministros da Justiça. Em quase sete anos degoverno Fernando Henrique Cardoso, estamos partindo agora para o sextoministro da pasta, Aloysio Nunes Ferreira Filho, que, entretanto, não vaialém do início de 2002, pois pretende se desincompatibilizar paraconcorrer às eleições de outubro. Por lá também passaram Nelson Jobim,Íris Rezende, Renan Calheiros, José Carlos Dias e José Gregori. Todos detriste memória pela sua inoperância.