Membros de entidades de direitos humanos visitam presos no Dacar 3


10/04/2006 15:32

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O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Ítalo Cardoso (PT), esteve no dia 6/4 na unidade prisional Dacar 3, na Vila Leolpodina, zona oeste da capital. Além de tomar conhecimento da situação carcerária e processual dos detentos, a visita teve como objetivo contribuir com o trabalho realizado por entidades como a Pastoral Carcerária, que relatou à comissão a dificuldade de acesso àquela unidade.

Inaugurado no governo Fleury, o Dacar 3 comporta 512 presos, mas tem hoje 1.179, distribuídos em quatro alas. A quase totalidade dos detentos pertence a uma facção criminosa. Esta informação foi confirmada à assessoria por um funcionário que pediu que seu nome não fosse revelado: "Essa identificação tem de ser feita na triagem, senão o preso corre risco de morte."

A maioria dos detentos tem idade entre 21 e 25 anos, e muitos deles tiveram passagem pela Febem. As celas não têm trancas, destruídas em rebeliões. Segundo o diretor Wilson Tamer, pelo menos duas vezes por semana os policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) entram no presídio para dar suporte à carceragem na contagem dos presos, na revista e busca de objetos que possam ser usados como armas. "As dificuldades com a segurança não comprometem a rotina", disse ele. Os presos contestam a informação. Nos vários relatos, eles disseram que a atuação do GOE é sempre violenta. Eles também reclamam do racionamento de água, que tem de ser guardada em galões, já que sua utilização só pode ser feita três vezes ao dia.

O atendimento médico é dos mais precários, sendo prestado no chão da área de triagem, segundo os presos. "O único remédio que aparece por aqui é o benzetacil, usado para todo tipo de doença. E, mesmo assim, disse um preso, vem com data vencida". Os materiais de higiene pessoal são trazidos pelos familiares, pois o Estado não fornece sabonete, pasta de dente ou papel higiênico. Quem não recebe visitas depende da solidariedade dos demais. Os detentos também relataram que as necessidades fisiológicas são feitas em "marmitex" usados, já que o sanitário, chamado de "boi", está sempre entupido e tem odor insuportável.

Durante a visita, os integrantes da Pastoral Carcerária e da Defensoria Pública conversaram com os detentos orientando-os sobre os encaminhamentos processuais, as denúncias e a importância do contato regular dos familiares com esses organismos. A visita foi acompanhada pelo promotor especial de Direitos Humanos do Ministério Público, Carlos Cardoso; por Maria Helena da Silva, Marcelo de Nardi e Patrícia Ribeiro, da Pastoral Carcerária; e por Geraldo Sanches de Carvalho, da Coordenadoria dos Presídios da Defensoria Pública. Eles foram recebidos pelo delegado da Divisão Carcerária do Decap, Euclides Pereira Bonfim, e pelo diretor do Dacar 3, Wilson Tamer.

italopt@uol.com.br

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