Paulo Flores constringe o espectador a penetrar no seu mundo eco-mítico

Emanuel von Lauenstein Massarani
03/07/2003 15:09

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A produção artística de Paulo Flores se articula através de temas que são diferentes somente na solução formal mas que resultam coligados entre si por uma indiscutível predileção pelo fator cromático interpretado de maneira significativa.

Não há dúvida de que, frente à sua pintura, os termos "figurativo" e "abstrato" não mais convêm: Paulo Flores procura superá-los com uma problemática inesperada provocada por uma série infinita de repercussões emotivas, de premonições e de esperas.

A sua imaginação equivale a uma participação e encontra um equivalente temporal, onde a criação é condicionada por uma dicotomia psicológica e fantástica.

O seu suporte cromático e sua textura, evidenciados pela luz que se irradia sobre a tela descobre infinitas modulações e transparências e nos faz compreender como sua pintura adquiri uma musicalidade rítmica no tecido.

Para melhor afastar-se dos pretextos maneirísticos, Paulo Flores recusa a imagem antropomorfa e prefere seguir aqueles meios expressivos que lhe permitem realizar uma viagem rigorosamente mental, sem todavia renegar a sobrevivência de certos valores e, com esses, a justificativa ética de sua própria ação.

Sua cor ataca a composição ou se distende além das massas espaciais sobre a tela vitalizada pelos triângulos de luz ou se organiza em poética combinação, como é o caso da obra "A contradição do fixo: um fragmento eco-mítico", doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, que constringe o espectador a penetrar no mundo mágico sugerido pelo artista.

O Artista

Paulo Flores, pseudônimo artístico de Paulo Renato Flores nasceu no Rio Grande do Sul. É artista plástico, músico, pesquisador e agente cultural.

Em 1977 transfere-se para Santos e estuda flauta na Faculdade de Música local. Entre 1978 e 1979 realiza pesquisas e executa música regional no Conservatório Musical Lavignac.

De 1985 a 1989 dedicou-se a promover, na Sala Armando Sendin, diversas exposições e encontros de arte sobre os artistas Ismênia Coaraci, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Otoni Rosa, Benedito Calixto, Clóvis Graciano, Margarita Farré, José Sabóia, Inos Corradin, José Manoel de Souza Neto, Darcio Lima, Adeu Sarro, Henri Victor, Newton Mesquita e Sergio Ferro, entre outros.

É membro da Sociedade Schwaben Internacional do Brasil, e colaborador da Associação Paulista de Agentes Culturais, promovendo intercambio cultural com Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.

Em 1990 transferiu-se para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde implantou uma galeria de arte e uma assessoria especializada. No ano 2000 abriu um atelier em São Paulo e, em 2003, instalou-se a Refarte em Embu das Artes.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando-se, entre elas: ¨Ontem, Hoje e Amanhã¨, Fundação de Cultura de Campo Grande, MTS; IV Salão de Artes de Avaré (1990); Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco (1992); Galeria Banco do Brasil, Campo Grande; Espaço Cultural Yazigi, Porto Alegre; VII Salão de Artes Plásticas de Mato Grosso do Sul (1993), onde recebeu o Grande Prêmio Governador do Estado.

Entre os projetos especiais: instalação ¨Mitigalhas do tempo¨, Museu de Arte Contemporânea, Mato Grosso (1994); ¨O Homem, uma experiência de hoje¨, Circuito Nacional Yazigi (1995) e Instalação ¨Plástica Sonora¨ End-Igana¨, Sesc, Mato Grosso do Sul,(1999).

alesp