PASSOS LARGOS NA EDUCAÇÃO - OPINIÃO

Duarte Nogueira*
09/04/2002 13:25

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Se os investimentos em Educação são uma forma indireta de combate à criminalidade e à desigualdade social, São Paulo tem dado passos largos nesse sentido, seja por meio de programas que estimulam a leitura, a prática de esportes e a profissionalização, seja pela expansão da rede física, ampliando o número de vagas.

As filas nas portas das escolas para garantir uma vaga na rede pública, muito comum até 1994, deixaram de existir. O que pode ocorrer é a preferência por determinadas escolas, por serem tradicionais ou por estarem melhor localizadas. Prova de que a rede foi ampliada são os índices de atendimento: hoje, 99% das crianças paulistas entre 7 e 14 anos estão na escola; entre os jovens de 15 a 17 anos, esse índice chega a 95%.

É que, a partir de 1995, foi construído o dobro do número de salas de aulas feitas pelas duas administrações anteriores. Basta lembrarmos os investimentos extra-orçamentários que os governadores Covas e Alckmin anunciaram nos dois últimos anos para reformas, ampliações e implantação de programas. Foram R$ 600 milhões em 2000 e R$ 890 milhões em 2001, incluindo nesses valores o pagamento do bônus mérito e gestão, uma espécie de 14º salário a professores e gestores, como estímulo ao profissional dedicado.

É evidente que ao esforço de abrir novas vagas também se deve somar a tarefa de fixar o aluno à escola. E nesse sentido São Paulo também sai na frente. Os índices de evasão escolar, que em 1994 eram de 9% no ensino fundamental e 19% no ensino médio, foram reduzidos para 4,5% e 12%, respectivamente, em 2000. De 94 a 95, também foram reduzidos os índices de paulistas que não sabiam ler ou escrever. Dos jovens entre 15 e 19 anos, o percentual de 1,3% caiu para 0,8% e entre os de 20 e 24 anos, foi reduzido de 2,1% para 1,6%.

Programas atrativos aos alunos foram implantados como o Leia Mais, que garantiu a compra de mais de 3 milhões de livros de literatura, o de cobertura de quadras esportivas, que está atendendo mais de 2.000 escolas em todo o Estado, e o de informatização, que levou computadores e internet a 2.800 estabelecimentos de Ensino de um total de 3.000 escolas para jovens.

Soma-se a esses programas o "Profissão", voltado a estudantes da rede pública e que estão terminando o Ensino Médio. Criado pelo governador Alckmin no ano passado, o programa é uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação e o Senac e oferece bolsas de estudo em 94 cursos profissionalizantes. Em Ribeirão Preto, no ano passado, foram abertas 600 vagas em 38 cursos e para este ano o programa foi ampliado e está atendendo mais 725 jovens. Além da ampliação do número de alunos, também aumentou a oferta de cursos: no ano passado eram 38 e este ano são 94 opções.

Todos esses avanços vão ter efeitos importantes principalmente nos próximos anos. Toda mudança é lenta: não basta apenas reduzir o número de analfabetos, a evasão escolar e oferecer novas oportunidades. É preciso dar um tempo para que elas se estabeleçam, que os alunos concluam os cursos, se profissionalizem, melhorem sua condição de vida. O importante é que o primeiro passo já foi dado.



* Duarte Nogueira, deputado, é líder do governo na Assembléia Legislativa e vice-presidente do PSDB de São Paulo. Foi secretário de Estado da Habitação no governo Covas (95/96).

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