Opinião - A primeira lei, uma lição para todo o globo


09/02/2009 18:56

Compartilhar:


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou no último 29/1, sua primeira lei desde que assumiu o cargo: a igualdade salarial entre homens e mulheres. Com esse gesto, mais que simbólico, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, confirma o desejo de mudança não só da sociedade americana, mas de toda a sociedade contemporânea.

O ato emocionante teve a participação da trabalhadora Lilly Ledbetter que, com sua denúncia, provocou a mudança da legislação nacional. Ela era supervisora da empresa de pneus Goodyear Tire and Rubber Company em Gadsden, Alabama, e, pouco antes de se aposentar, soube que, durante 15 anos, a empresa pagou a ela 40% menos que aos homens pelo mesmo tipo de trabalho.

A desigualdade salarial entre homens e mulheres ocorre em diversos países em todo o globo. Apesar de as mulheres hoje serem as chefes de suas famílias e de muitas terem até mais estudo do que os homens para poderem ocupar os mesmos cargos, no Brasil, um levantamento feito pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, com base em dados de 2007, divulgados no ano passado, confirmou que também aqui os salários femininos continuam defasados em relação aos masculinos.

A proporção dos salários médios das mulheres, quando comparados aos dos homens, ficou em 82,8%, com uma diferença média de 20%, uma evolução, se considerarmos que esse patamar já foi de mais de 50%. O que mostrou um revés em números que vinham sendo favoráveis rumo à equiparação nos últimos três anos: 83% em 2006; 82,1% em 2005; e 81,2% em 2004.

A RAIS mostrou ainda que, quando restrita a profissionais com nível superior, a diferença salarial torna-se mais acentuada, chegando a 56,5%.

O fator mais preocupante é que, segundo noticiou em 2008 o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), se não forem tomadas medidas efetivas, a equiparação salarial no Brasil, demorará 87 anos.

Como parlamentar e mulher, desejo que essa atitude de Obama sirva de exemplo e inspire líderes políticos e empresariais de vários países. Afinal, não podemos aceitar esses números sem nos inquietarmos pelo desejo de justiça e igualdade para todos.



*Haifa Madi é deputada estadual e coordenadora do PDT no litoral paulista

alesp