Exame do Saresp, implantado no ano passado pela Secretaria de Educação, foi criticado em audiência públicaDA REDAÇÃOPor solicitação do deputado Carlinhos Almeida (PT), a Comissão de Educação da Assembléia Legislativa realizou audiência pública nesta quarta-feira, 8/5, para debater a avaliação dos alunos do ensino fundamental pelo Sistema de Avaliação do Rendimento da Educação do Estado de São Paulo (Saresp). A insatisfação com o novo sistema, implantado pela Secretaria de Educação a partir de dezembro do ano passado, foi o elemento comum das intervenções dos debatedores presentes à reunião. Na opinião da deputada Maria Lúcia Prandi (PT), presidente da comissão, a opção da Secretaria da Educação por um sistema externo de avaliação é "ilegal e antipedagógica". Ela considera válida apenas as avaliações feitas com a participação dos agentes envolvidos no processo avaliado. Segundo a deputada, ao levar em consideração apenas um avaliador externo, o sistema ignora o papel de toda a comunidade escolar no processo de aprendizado. "O aluno não pode ser submetido a um único instrumento de medição de seus méritos e capacidades", afirmou Prandi.CompensaçãoAlém de endossar as opiniões da presidente da comissão, Carlinhos Almeida declarou que, ao atribuir ao Saresp a prerrogativa de avaliar os alunos, o governo tentou compensar as deficiências apresentadas pelo sistema de progressão continuada. "Trata-se de uma tentativa desastrada, que erra ao ignorar as diferenças regionais e ao classificar as escolas com base em critérios meramente estatísticos".Cesar Callegari, deputado pelo PSB, lembrou que o Saresp foi inicialmente criado para medir o rendimento das escolas. De acordo com o parlamentar, a decisão de atribuir ao sistema a tarefa de avaliar os estudantes foi a maneira encontrada pelo governo de passar à opinião pública - segundo ele, contrária à modalidade de progressão continuada adotada pela secretaria - a impressão de que o desempenho dos alunos está sendo verificado.Para a vice-presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP), Loretana Paolieri Pancera, "a Secretaria de Educação está fazendo a escola pública de cobaia". Segundo ela, o exame do Saresp é aplicado por estranhos e, portanto, ignora o perfil psicológico dos alunos. "Esse sistema é uma faca de um gume só, que corta a escola pública pelo meio", disse a professora. O recém-eleito presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), Gustavo Petta, definiu o exame do Saresp como "uma padronização que ignora as diferenças regionais". Segundo ele, para ser eficaz um sistema de avaliação precisa respeitar as diversidades, apontar caminhos e possibilitar a transformação do sistema. "É justamente isso que o Saresp não faz", disse Petta.