O assassinato das crianças no Rio de Janeiro nos conduz a que reflexões? A questão do bullying nas escolas foi amplamente discutida e é considerada uma das causas que levou o jovem a cometer a barbárie. O tema da venda de armas de fogo e o desarmamento foram recolocados na ordem do dia do poder público. São questões sérias e pertinentes, mas numa sociedade onde vivenciamos, com frequência assustadora, um conflito de valores e uma "crise ética", não poderia deixar de mencionar o papel fundamental da escola na sociedade, como agente de (trans) formação social. Escola é o espaço de construção de conhecimentos, mas também de valores. Como uma instituição com papel decisivo na formação do aluno, deve desenvolver atividades não só no campo cognitivo, mas também voltadas para a transmissão de princípios, como elemento indispensável para a construção da cidadania. "Deus na Escola" é um projeto de lei que elaborei em 2004 com a intenção de incluir, como uma atividade extracurricular e facultativa, o ensino religioso como área de conhecimento, respeitando a diversidade religiosa, estimulando os alunos a buscarem princípios fundamentais como valorização do ser humano, respeito pela vida, convivência fraterna, democracia e integridade, tão importantes quanto matemática, português e informática. A formação da cidadania extrapola o domínio do saber intelectual. A escola é o local onde as crianças passam grande parte do dia, numa fase de desenvolvimento de sua identidade, daí a necessidade de a escola complementar a educação dada em casa. A escola não pode viver sem a família e nem a família sem a escola. Por outro lado, o poder público tem o dever e a responsabilidade de oferecer o amparo necessário para famílias em situação de risco. Lembrando Paulo Freire, a educação sozinha não transforma a sociedade, mas sem ela tampouco a sociedade muda. Educação é pedagogia da esperança, pois pode mudar a realidade, dependendo de como a aplicamos e da maneira como a concebemos. *Maria Lucia Amary é deputada estadual pelo PSDB