O III Encontro de Saúde do Trabalhador da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo encerrou-se na tarde desta sexta-feira, 25/5, com palestra proferida pela pesquisadora e médica Margarida Barreto sobre o tema Humilhação no Trabalho e Saúde: A Questão do Assédio Moral. O encontro foi realizado no auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa.

A palestra apresentada pela médica Margarida Barreto é fruto de seu trabalho de mestrado que surgiu, segundo ela, das histórias ouvidas no atendimento a trabalhadores. A médica ouviu 2.072 pessoas em sua pesquisa e concluiu que as mudanças ocorridas nos últimos tempos no mundo do trabalho contribuíram para aumentar a violência moral contra o trabalhador.

"Hoje se privilegia a produtividade, com a produção atendendo à demanda, a terceirização dos serviços, os círculos de controle de qualidade, o aumento da subordinação." Segundo Margarida Barreto, as empresas fazem o que se chama de colonização do imaginário, com a expropriação do saber fazer de cada funcionário, além de exigirem o trabalho voluntário dos empregados. "Isso fez com que surgisse uma nova categoria de funcionários, que têm em suas carteiras de trabalho a classificação 'ajudante geral ou auxiliar de produção', ou seja: o faz tudo."

De acordo com a palestrante, hoje o trabalhador veste a camisa da empresa, como já vem fazendo desde 1960, só que com um adendo: a empresa que é tudo na vida dele, que lhe dá o trabalho que faz com que seja alguém, é a mesma que faz com que viva com medo. "O trabalhador hoje vive com medo. O medo de perder o emprego é uma constante na vida dele." Para ela, a questão do medo gera a insegurança, que leva à submissão e faz com que o trabalhador dê mais de si, "a ponto de ir trabalhar mesmo doente".

Esse novo trabalhador e suas relações com a empresa preparariam o terreno para o assédio moral e a humilhação no trabalho a que os funcionários, muitas vezes, se submetem.

Além da palestra da médica Margarida Barreto foram apresentados, neste último dia do encontro, vídeos sobre saúde do trabalhador. O encontro foi presidido pelo doutor Hélio Neves, diretor do Serviço Técnico de Medicina e Segurança no Trabalho (STMST).