Ludovico pinta cenas sugestivas de nosso interior com vivacidade de cor e pureza do desenho


13/05/2004 14:00

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Emanuel von Lauenstein Massarani

Ludovico usa a cor em graduações tonais, reforçando-a em condensações materiais com o fim de alcançar efeitos de luz, refratários e translúcidos. Com simplicidade, sabe traçar ângulos característicos das cidades do hinteland paulista, especialmente de Iguape, que há muito adotou.

Pela vivacidade da cor, a pureza do desenho - quase primitivo - e as sugestivas cenas retratadas, a pintura de Ludovico se aproxima das tradições colhidas ao vivo da cultura popular. Nela, nenhum grau de mérito, de substância e de procedimento é possível entre arte, artesanato e métier.

Com singular força expressionista, o seu empasto cromático, orquestrado com instintiva segurança no equilíbrio de cores puras e de pinceladas construtivas, o artista resume com clareza a própria situação no contexto da arte atual: não no sentido de uma geometria estrutural e rígida, mas na autêntica explosão de vitalidade e de confiança.

Através de uma técnica filtrada por humores psicológicos e envolvimentos atmosféricos, em suas obras mais recentes, Ludovico demonstra uma capacidade emocional na busca do real. Assim, a realidade de suas telas evidencia uma sua inédita presença e uma variedade de motivos que atingem a esfera do sensível, mais do que às peculiaridades submetidas a uma ótica representativa.

O "silêncio" de suas telas Iguape e Rua do Comércio, doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, é como a projeção de um tempo arcaico que corrói os muros das casas coloniais calcinadas de uma luz tênue e opaca e possui um componente psicológico que se transforma numa sensação psíquica. O tempo presente - histórico e objetivo - perdeu a semelhança através das recordações afloradas pela consciência.

O Artista

Ludovico, pseudônimo artístico de Ludovico Luigi Franco Sarcinella, nasceu em São Paulo, em 1938. Filho de imigrantes italianos, reside em Iguape desde os anos 60, onde mantém seu ateliê.

Pintando em tela de madeira, é conhecido no meio artístico por sua pintura primitiva. Participou de exposições em várias cidades brasileiras, com obras representando paisagens, casarios, festas folclóricas e religiosas, telhados antigos, igrejas e povo.

Para pintar seus quadros sobre Iguape, inspirou-se em dados históricos retirados de documentos e depoimento de moradores da cidade, com o fim de resgatar a história de uma cidade que teve grande importância na exportação de arroz.

Participou das seguintes exposições individuais: Semana Benedito Calixto, Itanhaém, SP (1971); Museu Histórico e Geográfico, Capivari; Hall de Exposições da Universidade Metodista de Piracicaba (1993); Espaço Cultural Banco do Brasil, Barueri (1994); Ibama, Iguape (1997); Centro Cultural de Iguape (1999); Espaço Cultural Luís Roberto de Oliveira Fortes, Iguape (2000); DPRN de Iguape (2001) e Casa de Cultura de Capivari (2004).

Esteve presente ainda em mostras coletivas em Iguape (1970); Capivari (1975 e 1989); Círculo Militar de Barueri e Sesc de Piracicaba (1991); Faculdade de Turismo do Morumbi e Sesc de Piracicaba (1992) e Casa do Povoador, Piracicaba (1993).

Suas obras encontram-se no Museu do Folclore de São Paulo, no Centro de Arte Primitiva de Brasília, no Espaço Cultural da Caixa Econômica de Iguape, na Sede da Apae de Gramado, Rio Grande do Sul, e na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp