DA ASSESSORIA

O secretário de Estado da Saúde, José da Silva Guedes, acredita que uma ação mais dirigida possa otimizar os serviços de Hepatite C no Hospital Estadual Guilherme Álvaro (HGA), único hospital público estadual na Baixada Santista e Litoral. A posição foi manifestada durante audiência concedida à deputada Maria Lúcia Prandi (PT) e ao Grupo Esperança, ONG santista de apoio aos portadores de Hepatite C. O encontro aconteceu no final da tarde de segunda-feira, 6/5, e contou com a participação da coordenadora do Programa Estadual de Hepatites Virais, Gerusa Maria Figueiredo.

O secretário mostrou-se sensível ao argumento da deputada Prandi, que o alertou para o fato de que 10 a 12 novos casos de Hepatite C são diagnosticados a cada semana no Hospital Guilherme Álvaro. A informação foi reiterada pelo presidente do Grupo Esperança, Jeová Pessin Fragoso, que se queixou da morosidade diante do desafio de enfrentar a Hepatite C, definida por ele como sendo uma pandemia. "A tarefa é monstruosa e o paciente quer respostas que não temos", completou o diretor técnico do Grupo Esperança, epidemiologista Evaldo Stanislau Affonso de Araújo.

Um dos motivos do encontro - agendado a pedido da deputada Prandi - foi reivindicar a aceleração do processo de implantação do Centro de Referências no HGA. O hospital é o único a absorver os portadores de Hepatite C da rede pública de saúde da Baixada Santista e Litoral, sendo que 90% dos atendimentos são viabilizados pela Liga de Hepatites Virais, onde atuam estudantes de Medicina e um único médico.

Em estudo realizado há mais de um ano, a coordenadora do Programa Estadual, Gerusa Figueiredo, identificou que o HGA oferece condições para a estruturação do Centro de Referência. No entanto, a proposta não avançou no âmbito regional.

MAIS VERBAS

O secretário José da Silva Guedes, assegurou que o Estado "vem se preparando para fazer bem feito". Gerusa Figueiredo apresentou o mapa de uma rede de diagnóstico molecular de Hepatite C, com 17 laboratórios que garantirão cobertura a todo o Estado na realização dos exames PCR (que indica a presença do vírus), e genotipagem (para identificar o genótipo do vírus). No entanto, tanto o secretário como Gerusa admitiram que está faltando um posicionamento do Ministério da Saúde, que continua estabelecendo teto para gastos para os exames de Hepatite C.

A quebra desse limite de gastos também faz parte das lutas da deputada Maria Lúcia Prandi e do Grupo Esperança, que já obtiveram 4.500 assinaturas em um abaixo-assinado que será endereçado ao Governo Federal. Modelo do documento foi distribuído pelo Grupo Esperança a todos os grupos de apoio aos portadores de Hepatite C do País para que o movimento ganhe âmbito nacional. Moção com o mesmo teor foi protocolada pela deputada Prandi na Assembléia Legislativa, em outubro do ano passado.

BALANÇO

Para a deputada Maria Lúcia Prandi a audiência foi muito positiva: "O fato de o secretário permanecer quase duas horas conosco demonstrou interesse em fazer as questões caminharem. Vamos continuar acompanhando e principalmente cobrando o Centro de Referências no Guilherme Álvaro". O presidente do Grupo Esperança, Jeová Pessin Fragoso, também avaliou que há predisposição do secretário para que a ações avancem. "O maior anseio do portador é ter assistência integral, desde o diagnóstico até o medicamento mais eficaz. Persistiremos na luta", finalizou.