Opinião - Vitória da razão e da compaixão


20/02/2009 17:42

Compartilhar:


Campinas tem em seu brasão a fênix, pássaro mitológico, fruto da imaginação dos gregos que, segundo eles, renascia das próprias cinzas. A ave compõe a insígnia por representar o ressurgimento do município após a trágica epidemia de febre amarela que, no final do século XIX, quase dizimou a cidade, levando-a ao esvaziamento pela morte e pela fuga em pânico de parte considerável da população.

A fênix é uma metáfora e uma eterna advertência a essa corajosa Campinas, que já enfrentou com determinação crises de saúde, crises econômicas e até mesmo guerras civis, em 1924 e 1932, sem deixar de se revigorar e de prosperar após cada um desses golpes. Essa ave fantástica simboliza também um alerta, pois lembra à cidade a importância da prudência e do planejamento na construção de uma comunidade saudável e bem-sucedida. Só assim é possível, após as eventuais quedas que o destino nos impõe, recuperar o ânimo para enfrentar os novos desafios.

Nesse contexto, prevenir é a saída para o bem-estar coletivo. O planejamento garante não só qualidade de vida como também determina o sucesso ou fracasso nos momentos em que ações emergenciais se fazem necessárias. É uma verdadeira engenharia de prevenção de riscos, na qual a infra-estrutura engendrada assegura o sucesso de ações quando é preciso rapidez.

E foi pensando na importância das ações de planejamento que eu vinha apresentando, desde 2004, uma emenda orçamentária que permitisse a instalação em Campinas de um hospital para queimados. Persisti por quatro anos até ter a satisfação de presenciar a aprovação da emenda 2.233 ao projeto de lei orçamentária , de número 643/2008, na noite de 18 de dezembro do ano passado. Lembro-me que fui dormir especialmente feliz, satisfeito por conseguir, mais uma vez, honrar a confiança daqueles que me escolheram como seu representante na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

A aprovação da emenda orçamentária que viabiliza o hospital de queimados é uma vitória da razão, do bom-senso, e pela qual agradeço a colaboração de meus colegas parlamentares, assim como agradeço ao Executivo estadual, que ficou sensibilizado por essa demanda.

Toda a vitória da saúde é uma vitória não só da razão, mas também da compaixão. Curar é mais que um ato de perícia técnica, é também um ato de amor. Planejar-se para salvar vidas é, em si, um gesto ainda mais profundo de compaixão, pois põe a frieza da razão a serviço da solidariedade.

Trata-se de um grande passo numa empreitada em que muito ainda está para ser feito, pois cumpre escolher o terreno, erguer a obra, adquirir equipamentos, preparar equipes de profissionais de saúde etc. A jornada apenas começou. A autorização viabiliza a obra, mas a mobilização da opinião pública em prol dessa causa será decisiva. Mas esse primeiro passo, que expressou tanto bom senso quanto solidariedade, é a semente de uma benfeitoria que Campinas precisava há anos.

*Jonas Donizette é deputado estadual e líder da bancada do PSB na Assembleia Legislativa

alesp