Cooperativismo é debatido na Assembléia

(com fotos)
09/05/2001 18:04

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Debater o futuro do cooperativismo paulista e as medidas necessárias para seu fortalecimento foi o objetivo da reunião promovida pela Frente Parlamentar do Cooperativismo Paulista (Frencoop), presidida pelo deputado estadual Milton Flávio (PSDB), nesta quarta-feira, 9/5, na Assembléia Legislativa.

A ausência de uma legislação específica que regulamente o funcionamento das cooperativas foi um dos temas abordados durante o evento. "Entendemos que há necessidade de uma legislação federal que estabeleça diferenças entre as pessoas sérias e as pessoas oportunistas, que tentam participar do mercado de trabalho sob a forma forjada de cooperativa, mas que nada mais são do que empresas particulares, interessadas no lucro e não na valorização do trabalho", analisa Milton Flávio.

"O casamento trágico entre o liberalismo econômico e a globalização gerou duas filhas gêmeas: a exclusão social e a concentração de renda. Essa nova realidade mundial reduz as chances de crescimento individual, além de reduzir drasticamente o chamado emprego formal. Dentro deste quadro, o cooperativismo apresenta-se como solução parcial para o desemprego", analisa Roberto Rodrigues, presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI).

O líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado Duarte Nogueira, entende que, no sistema de cooperativa, a renda do trabalhador é maior do que nos outros modelos de contrato trabalhista. "A relação entre capital e trabalho é melhor nas cooperativas. Não acredito que esta seja a solução para o desemprego, mas iniciativas dessa natureza devem receber todo o apoio necessário, já que é uma forma de inclusão social significativa", defende Nogueira.

Para o secretário-geral da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Canindé Pegado, a convivência entre o sistema cooperativo, sindicato e empresa deve ser saudável. "A cooperativa e a empresa ocupam nichos diferentes no mercado, existindo espaço para todos. E os sindicatos devem apoiar as cooperativas, já que para o sindicato não existe a figura do desempregado. É aí que entra a cooperativa, atuando como alternativa de emprego e renda." O sindicalista informou, também, que a central sindical estará qualificando, até o final de 2001, cerca de mil profissionais para atuar no cooperativismo, numa parceria estabelecida entre o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e a CGT.

O deputado estadual Willians Rafael (PTB), autor de projetos de lei que regulamentam o cooperativismo habitacional, citou alguns exemplos de como o sistema pode dar certo. "Em Osasco, existe um bairro construído dentro deste sistema, sem a aplicação de nenhum recurso público. Mas nossa dificuldade maior é conseguir crédito para que o projeto seja implantado. A falta de uma legislação específica atrapalha todas as formas de cooperativas", conclui Rafael.

alesp