A "velha" vive

Opinião
02/09/2005 19:05

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A Velhinha de Taubaté vive. Na pele morena da filósofa Marilena Chauí. Mas que não se iludam os incautos: ela não é a mesma. Aquela figura crédula, quase idiota, não existe mais. Ela voltou repaginada, vistosa na aparência anciã. Só que de tola ela não tem mais nada. Sua ingenuidade caipira foi substituída pelo silêncio de ocasião " o que, a rigor, confirma a coerência de boa parte dos petistas. Para muitos deles, tudo é ocasião, tudo é oportunidade, a começar pela ética frouxa, que varia conforme o rumo e a intensidade dos ventos.

Dias atrás, como se sabe, a filósofa petista " o que, a rigor, é um paradoxo, posto que uma coisa não combina com a outra " veio a público para nos dizer solenemente que, por não ler jornais há meses, não poderia dar sua opinião sobre a mais grave crise política vivida pelo país desde a instauração da República. Crise esta que foi criada pelo governo que ela tanto defende e pelo partido em que ela milita, desde os tempos em que o líder sindical fazia a, por assim dizer, cabeça, mas não só, de muitas intelectuais ou candidatas.

Dona Marilena, embora sem tempo para as leituras cotidianas, não descartou a hipótese de tudo ser mesmo uma armação da imprensa brasileira, que teria contratado os tucanos como seus pauteiros ideológicos. Até hoje não recebi um tostão. Como a "tese" não se sustenta, não vou constituir advogado para que cobre de outrem o trabalho que não lhe fiz.

O problema é que não existe pauta sem fato concreto. E os fatos foram todos criados pela turma do PT, pela trupe da qual Vovó Chauí faz parte. É tudo muito simples, claríssimo. A nova Velhinha de Taubaté sabe disso. Sua aparente credulidade não vale patavina. Suas dúvidas aparentes sobre o que o seu governo e partido fizeram são o que são: fingimento.

Na falta do que dizer " não por desconhecimento, porque burra ela não é ", a filósofa do PT insiste na velha tática de jogar nos outros a culpa pelas lambanças praticadas pelos seus. É a velha covardia de sempre.

Dona Marilena quer nos fazer crer que, embora orgulhosa de seus conhecimentos, não tem elementos para avaliar o que os seus puseram em curso. Que ela, então, abandone a cátedra, volte sossego ao lar. Que troque os livros pelas agulhas de crochê. Cuide do gato. Incorpore de vez o personagem que nela e em tantos outros companheiros sobrevive. Como farsa.

Milton Flávio (PSDB) é professor de Urologia da Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu, e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo

miltonflavio@al.sp.gov.br

www.miltonflavio.org

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