Opinião - O Brasil quer falar de adoção

25 de maio, Dia Nacional da Adoção
25/05/2010 18:31

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Todos os anos, desde 1996, as Associações e Grupos de Apoio à Adoção, em diversos Estados do Brasil, realizam atividades comemorativas que visam despertar o olhar da sociedade sobre a adoção e o direito de crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária. Com o crescimento desse trabalho foi-se tecendo uma grande rede para a troca de experiências entre os grupos e o fortalecimento de um projeto comum na defesa do direito da criança e do adolescente de crescerem em uma família.

A discussão da adoção no Brasil merece uma reflexão de todas as famílias envolvidas: a biológica, a adotiva e a pretendente à adoção, e, além disso, é necessário ouvir o sistema judiciário, os profissionais e agentes que atuam nos abrigos, as instituições de ensino e órgãos responsáveis pelas políticas públicas para crianças e adolescentes que sonham em ter uma família.

O Encontro Nacional de Associações e Grupos de Apoio à Adoção (Enapa), em torno de 100 grupos ao longo dos últimos 14 anos, contribuiu para a formação de um movimento nacional de apoio à adoção, que tem conseguido congregar várias regiões do país para discutir o processo de adoção e ainda mobiliza pais adotivos e profissionais que atuam em parceria com as Varas da Infância e Juventude nas discussões dos aspectos práticos, jurídicos, psicológicos e sociais deste grande ato de amor.

O 15º Enapa, que acontecerá no próximo mês de junho em Campo Grande, é mais uma oportunidade para se dar visibilidade às questões relacionadas ao abandono e à adoção de crianças e adolescentes, e visa consolidar o Movimento Pró-adoção.

A filiação adotiva, como qualquer outro processo, vem sofrendo influências históricas dos paradigmas sociais construídos em torno de um ideal de modelo de família, baseado nos laços consanguíneos. Entretanto, as transformações e evoluções sociais proporcionaram uma mudança de foco, indo da preocupação com a família à proteção e defesa do direito que crianças e adolescentes têm à convivência familiar. Com essa mudança, surgiram inúmeros movimentos, tanto na esfera governamental quanto na sociedade civil organizada, para discutir políticas e ações que assegurassem tal direito.

Nosso papel como parlamentar é acompanhar de perto essa mudança social para consolidarmos em lei mudanças no sistema que garantam o progresso do diálogo em torno do tema adoção. Entendemos que é necessário debater os estereótipos e preconceitos relacionados à filiação adotiva, criando uma nova cultura, priorizando os interesses da criança e do adolescente, principalmente em situação de risco social, e estimulando as adoções necessárias (de crianças maiores, de outras raças, de grupos de irmãos, de crianças com necessidades especiais e soropositivos), lutando politicamente pelos direitos não só das crianças e adolescentes, mas dos pais e mães adotivas.

Quero aproveitar a passagem desta data e parabenizar a todos os pais adotivos por darem esse grande passo que permite dar e receber o mais puro amor.



*Haifa Madi é deptuada estadual (PDT)

alesp