Senadores da CPI do Futebol ouvem jornalistas e atletas em São Paulo

(com fotos)
19/06/2001 18:07

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Jornalistas, ex-atletas e especialistas foram ouvidos em audiência realizada na manhã desta terça-feira, 19/6, na Assembléia Legislativa, pela CPI do Futebol. Criada em setembro de 2000, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado quer colher propostas que possa incorporar a seus trabalhos. "É preciso escutar a sociedade para que, em nosso relatório final, apresentemos propostas viáveis para a reestruturação do futebol brasileiro", disse o senador Geraldo Althoff (PFL/SC), relator da CPI.

O cronograma do órgão prevê o encerramento da fase investigativa em agosto próximo. O relatório final deve ser concluído e enviado ao Ministério Público em outubro. O presidente da comissão, senador Álvaro Dias (PSDB/PR), pretende chegar a uma "lei de responsabilidade administrativa para o desporto nacional, com normas e penalidades""

Entre os convidados da CPI, o advogado Carlos Miguel Aidar fez um resumo das mudanças na legislação futebolística brasileira, desde 1976. "Basta de furor legislativo, porque isso causa muita intranqülidade jurídica", disse. Em meio a esse emaranhado de leis, ele defendeu a chamada Lei Pelé, de março de 1998, que obrigava as entidades a adotar a forma de organizações comerciais, com prestação de contas e publicação de balancetes, por exemplo.

Aidar considera fundamental a criação de mecanismos de controle da atuação do dirigente esportivo. "Os clubes têm servido aos dirigentes, que se tornam donos ou sócios de passes dos atletas", criticou. O sociólogo Marco Aurélio Klein concorda. "O modelo feudal do futebol brasileiro explica a existência de federações muito ricas e clubes muito pobres", disse Klein, que é especialista em marketing esportivo.

Ele propôs a formação de um grupo de trabalho para avaliar o futebol brasileiro como atividade econômica e como "exportadora de espetáculos, e não de jogadores". O grupo deve discutir também, segundo ele, um modelo de campeonato. Para Klein, a incompetência na organização dos certames é uma das causas da falta de público nos estádios.

Outra causa, a violência, foi apontada pelo jornalista Juca Kfouri. Para mudar favoravelmente o atual quadro do futebol brasileiro, ele acha necessário implantar autonomia nas arbitragens e descomplicar o funcionamento da Justiça desportiva.

A audiência contou ainda com a participação do jornalista Luiz Fernando Lima, da TV Globo e dos ex-jogadores Sócrates de Oliveira e Vladimir Rodrigues dos Santos. Os dois atletas se estenderam sobre a área de recursos humanos: eles consideram necessário uma política de qualificação intelectual de jogadores e de formadores de atletas. Sócrates criticou ainda a "tímida" modernização dos estádios e a adoção de contrato mínimo de três meses para atletas profissionais. "Isso é tratá-los como bóias-frias", avaliou.

A audiência em São Paulo foi precedida de duas outras, em Recife e no Rio de Janeiro. Os trabalhos da CPI continuam na próxima sexta-feira, em Curitiba. Os senadores vão ouvir Pelé e Angel María Vilar, dirigente da Federação Espanhola de Futebol.

alesp